sábado, 3 de janeiro de 2009

Portrait felino





Portrait felino


O gato , móbile de pelos, olhos deliciosos,
de dominador e dominado.
Ronrona, dorme sossegado,
pula atrás de aranha, sobe ao telhado
para miar de amor.
o gato:retrato de si mesmo,
um ato de dança com coreografia
de novelo:lã
que se des/enrola,
ele prórpio sua bola,
mas corre a querer alcançar tudo
que se move.
Dizem que não gosta de água, mas se banha
sensual a todo momento,
que limpo e belo,
banho de língua,
faz amor consigo mesmo.
Não o provoquem , todavia:ele arranha!

Clevane Pessoa de Araújo Lopes

(Da série "Felinos)

04012009, Belo Horioznte, MG

Slides enviados por Thelma Lisieux

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Anjo caído-Clevane Pessoa -poema inspirado em obra de João Werner


Anjo Caído, de João Werner.

Há tempos, o artista João Werner autoriza-me a postar suas telas e há algum tempo, faço poema para sua arte.

Esse "Anjo Caído", da série "Cinzas", inspoira-me nesse início de Ano Novo.

"Anjo Caído""

Clevane Pessoa de Araújo Lopes.

-Para o artista João Werner.

O preto na paleta,
pingos de branco.

A mistura chega ao cinza,
as cãs, a neve suja, os dias de chuva,
as nuvens plúmbeas , a alma desanimada.

A velhice é cinzenta, sempre que a esperança verde
se esvai em goteiras de abandono.

A alma é gris na solidão ,
a voz perdida, a falta de carinho,
o desânimo que instiga o Instinto de Thãnatos.

O artista ama as cores
e mesmo assim, na compreensão a maior,
de um mundo desigual,
mistura branco ao preto,
preto ao branco,
e faz um anjo, desanimado de tantas misérias, canalhices, perdas,
bancarrotas, vícios, traições , guerras,
fome e desesperanças,
espantado com os Homens,
que perdem cada vez mais
o supremo bem da paz
absoluta
e simples,
abrir a boca de espanto ,
cair das própria altura,em pleno vôo de reconhecimento,
e sentar-se desanimado, cansado de lutar
por uma humanidade falida e inconstante...

Belo Horizonte, 02/01/2009

-Primeiro poema do ano.

Mas faz sol lá fora e vem o segundo:

O SOL

Viciada em beleza,
esqueço enxurradas,
a esgarçada faixa de gaze em Gaza
onde o sangue mancha
a pureza das crianças e dos inocentes,
a fome dos sentem sede,
a sede dos que esperam alimento,
os bombardeiros, ]
quando o sol,
ave gigantesca de ouro,
estende as asas na manhã de janeiro
e pulvreriza-me para que eu redoure as esperanças
no ano que se inicia...

Clevane Pessoa