quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Trova


Comer maçã é pecado?
Nem mesmo no paraíso...
Um beijo, mesmo roubado,
faz por nós o que é preciso...
Clevane
(para o blog de Masé Soares)
Mas comer maçã é pecado?

Nem mesmo no paraíso:

qualquer beijo saboreado

faz por nós o que é preciso...


Clevane(para o blog de Masé Soares)

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Aldravas,Portas, Porteiras e Portais


Os aldravistas deram-me a chave para abrir as portas de Mariana,cidade primaz de Minas Gerais .Abri a do coração para eles.Hoje, amigos sinceros e verdadeiros.

Aqui, poemas em sua homenagem:



na madrugada de 15/09/2007 (Do novo livro em construção, Portas, Portais e Porteiras )

Porta & Aldrava(Para Gabriel Bicalho, diretor do jornal Aldrava, que sabe bater à porta da Poiesis)
Clevane Pessoa de Araújo Lopes
A Aldrava crava sons cravos na espess ura da porta.

Sons agudos, sons c avos na tessit ura da aorta-a veia maior,

a que acompanha a sonância da sístoleda diástole

e mesmo da extra-sístole-aquela a mais.

Ansiedade dedesconhecer quem virá atender e de que forma será tratado, destratado,

esperadoou expulso - seja anjo ou demo

pura demonstraçãode que, monstro ou puto de igreja

nem sempre, por detrás da porta*

estará aquela pessoa que se deseja.

A porta é uma aorta que conduz o medo do degredo

e a esperança sem limitações.

A aldrava é uma vaga espécie de sino

com muitas formas diversas.

Há quem bata de qualquer maneira.

Há quem tenha aprendido a bater e acalmar a ansiedade.

E alguns sabem quando ir embora,sem demora,por pura precaução.

E muitos, fogem em diparada por medo de assombração.

A aldrava, impávida, estática,somente entra em ação

se a toca qualquer mão...Enfrenta o tempo impassívele não decodificável.E per/dura,

dura guardiã, século após século. na madrugada de 15/09/2007(Da série, Portas e Portais)

Portas e Portais(Para Déia Leal- Andréia Donadon Leal-cujos olhos de pintar e as mãos de vi/ver, sabem das diferenças)

Clevane Pessoa de Araújo Lopes



Nunca se sabe o há que atrás de uma porta,

se um Príncipe Encantado, se a Moura Torta,

se a vida continua ou se a Morte já entrou.

A expectativa faz o coração galopar,

corcel de ventania, salamandra de fogo

-ser bem ou mal recebidos, que importa

se todos os dias, a soleira não se lava,

mas se for lavada, a mesma entrada será?

Atrás da porta, uma mesa posta,

uma mala feita,o falso carinho, a afeição genuína...

Bater, campainha ou aldrava,

com os nós dos dedos,

avisar da chegada, no momento preciso.


Chegar e abrir,

um ato de coragem desapercebido e necessário,

no cotidiano dos vivos, sinais...


*Aos que partem para a outra dimensão, portais...


em 15/09/2007, Madrugada (1:45h)


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Porta & Aldrava(Para Gabriel Bicalho, diretor do jornal Aldrava, que sabe bater à porta da Poiesis)
Clevane Pessoa de Araújo Lopes
A Aldrava crava sons cravos na espess ura da porta.

Sons agudos, sons c avos na tessit ura da aorta

-a veia maior,

a que acompanha a sonância da sístole da diástole

e mesmo da extra-sístole

-aquela a mais.

Ansiedade de desconhecer

quem virá atender e de que forma será tratado,

destratado,

esperado ou expulso

- seja anjo ou demo

pura demonstração de que, monstro ou puto de igreja

nem sempre, por detrás da porta*

estará aquela pessoa que se deseja.

A porta é uma aorta

que conduz o medo

do degredo

e a esperança sem limitações.

A aldrava é uma vaga espécie de sino

com muitas formas diversas.

Há quem bata de qualquer maneira.

Há quem tenha aprendido a bater

e acalmar a ansiedade.

E alguns sabem quando ir embora,

sem demora,por pura precaução.

E muitos, fogem em diparada

por medo de assombração.


A aldrava, impávida, estática,

somente entra em ação

se a toca qualquer mão...

Enfrenta o tempo impassíve

le não decodificável.

E per/dura,

dura guardiã,

século após século.


Na madrugada de 15/09/2007(Da série, Portas e Portais)


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segunda-feira, 24 de setembro de 2007

seis décadas


Meus filhos , o contrabaixista Allez Pessoa, da banda Tancredos e Gabriel, da Banda Tancredos, cansados de me verem em casa, reuniram , no La Greppia, aqui em Belô,para um rodízio de massas, muitos de nossos amigos, para meu niver (16 de julho).Estou de seda rosa e óculos.
Presentes:fila 1, à esquerda:Aless, Marina e eu.Em frente a Nós, os poetas Wilmar Silva e Claudio Márcio barbosa.
Na fila 2, da esquerda para a direita, Luciana, irmã de Ka, e, en frente, Gabriel e Karina.Fotos pequenas:Gabriela , encantadora, como sempre,e seu poeta Bernardo,Neuza Ladeira e Wilmar,seu editor ;de camisa vermelha, Ronei e a fofa Luizinha; abaixo,Alessandro e Ciléia.
Fila 3, da esq para a dir.:Eu e Luiza, minha "leitora" de dois anos, que conhece meu "A Indiazinha e o Natal";na foto pequena, eu, ela e a avó, Graça, mãe de Karina, minha nora, Luciana, jornalista que encantou a todos em meu poesia é ouro,organizado por Karina e,no quil foi mestre de cerimônias, vestida em um longo verde. Marina, outra poetisa,de Teófilo Otoni, que mora aqui e virou sobrinha,de verde, e eu.
Na fila inferior;Neuza Ladeira, a grande poetisa ,minha especial amiga, comigo e, entre nós, um amigo de Wilmar.
Quando Allez contou algo mais "pesado", brinquei que ele não me respeitou meus cabelos brancos.Gozação geral:não os tenho...
Ainda.E dizem:vc não parece ter sessenta anos.
Não pareço, mas eu sei que tenho...

domingo, 23 de setembro de 2007

Dos Poetas e da Poesia




Encontro, no site Poetas de Guarulhos(http://poetasdeguarulhoseoutrosversos.zip.net/), um de meus textos em prosa poética, enviado para lá pela Rozélia Scheifles Rasia, que preside a ALPAS XXI, da qual sou Delegada em MG.


"A Palavra do Século XXI, é de Cruz Alta, no RS.


Gostei da formatação, agradeço.É esse o texto:




Data especial (Dia da Poesia,21 de março)




O tempo se enovela e nos arrasta, poetamos, mas nem todos nos decifram.Somos anjos arautos, somos esfinges,espéculos, tonel das Danaiades, caixa de Pandoras, relicários, sudários, graais, livros-das-sombras. Todas as marcas do Mundo se redesenham nas faces de nossa alma e escoam pelos poros de nossa imaginação... Escrevemos como quem sorri, escrevemos como quem chora. Oferecemos nossos rebentos e muitas vezes, seguem nus, noutras,vestidos de orvalho ,numas, de cambraias bordadas...Em muitas ocasiões, malfeitores do verbo, roubam-nos a autoria. Ainda não há delegacias especializadas em crimes contra a Poesia. Quantos a deturpam ou trucidam, declamando-a mal ou analisando-a a dissecar nossos versos de forma grosseira? Afinal, quem compreenderá nosso tanto de angústia existencial mesclado à nossa força de cantar?
Clevane Pessoa de Araújo (Minas Gerais )
(texto gentilmente enviado por Rozelia Scheifler Rasia )- rozelia@laguna.com.br

sábado, 22 de setembro de 2007

haikais de haruko



Haikais de Haruko(*)


(*)Pseudônimo de Clevane Pessoa de Araujo Lopes.Significa "Primavera",em japonês


Haikais de Primavera

Os risos das crianças:

No cristal, bolas de gude

- luzes trepidantes



–Pássaros canoros

Energia em expansão

Almas projetadas...

Gestação de arco-íris

Leveza atestando o efêmero-

Bolha de sabão.


Reflexo de prata:

Luar despeja-se no mar

- Espelho do céu



Leve borboleta

Vitória sobre a crisálida:

Pétalas aladas...



Sons de flauta doce:

Murmúrios edulcorantes

- Vento no bambual...

Confraria das Borboletas (RS)


21/09/2007 12h21
Confraria das Borboletas:as poetas voejam!
ÀS papilonáceas poetas, essas mulheres -borboletas qie pertencem à Confraria das Borboletas. A primavera já está no ar e atrai as borboletas...Recebo esse convite e quero voar...Bem , eu que amo as borboletas, gostaria de ir até ao Rio Grande do Sul e desilhando-me, estar nesse evento .Recebo o convite de Ieda Cavalheiro,Presidenta da CAPORI:Casa do poeta RioGrandense.Muita alegria, sucesso, criatividade nesse võo poético, é o que lhes desejo.(Clevane Pessoa, Poeta Honoris Causa pelo Clube Brasileiro de Língua Portuguesa para oito Países Lusófonos e Cônsul Z-C, em Belo Horizonte, de Poetas del Mundo).
CONVITE
CONFRARIA DAS BORBOLETAS
Grupo de Poesia

Claudete C. Gonçalves ,Enilda Benfica ,Jane Pimentel ,Jussara Bandeira ,Ligia A. de Oliveira ,
Maria Celeste R de Souza ,Maria Helena S. Severo ,Marli A. Fernandez ,Teresa M.P.Andrade .

APRESENTA

TRAMA POÉTICA
Poetisas Brasileiras :

Celina Ferreira Francisca Julia Jane Pimentel Lilá Ripoll Lara Lemos Maria Dinorah Prado Henriqueta Lisboa Maria Carpi .


Dia 29/09/2007 às 15 horas
Teatro CEEE Érico Veríssimo
Auditório Barbosa Lessa
na Andradas, 1223 – Porto Alegre


"Ao Porto-Poesia 2007
e à Confraria das Borboletas
Apoio Cultural ,da CASA DO POETA RIO-GRANDENSE – CAPORI
"
Presidenta: Ieda Cavalheiro
da ASSOCIAÇÃO DE ARTE E LITERATURA
DA ZONA NORTE DE PORTO ALEGRE/RS - AALZON-POA-RS


Que maravilha!Adoro borboletas...Postei em meu outro blog também (http://www.clevanepessoa.net/blog.php), fico às ordens, para editar poemas, fotos, releases, cartazes... Gostaria de receber um histórico de todas essas entidades, para divulgação e de entrevistar vcs.Um grande abraço para as mulheres poetas,papilonáceas.
Clevane Pessoa de Araújo Lopes

Poemeto para vcs , abaixo, caso queiram ler, vou adorar...



De Belo Horizonte, MG, Brasil, até Porto Alegre...

Confraria de Borboletas...

Poetas papilonáceas,
explosão de cores,
querem voejar:
explosão de olores,
a primavera no ar...

Confraria de borboletas
(conforme Yeda Schmaltz,
"borboletras"), todas as nuances,
esmeraldas, turquesas,
pinks, púrpuras, aniladas,
terra-de-siena,marinhos,
alaranjadas, amareladas,
neons, mistura de tons,
cores de esmaltes,
primárias e secundárias,
terciárias...
Fazem inveja
aos poetas -passarinhos...

Clevane Pessoa de Araújo, especialmente para a Confraria das Borboletas.
http://www.clevanepessoa.net/blog.ph´clevaneplopes@gmail.com

Trovas e Poemas de Primavera


A PRIMAVERA EXPLODIU

EM FOLHAS E CORES NOVAS!

QUEM FEZ TUDO NINGUÉM VIU

MAS AS FLORES SÃO AS PROVAS...

Clevane Pessoa


Trova:

Primavera o ano inteiro
você terá , onde houver
um amigo verdadeiro
para o que der e vier...

Clevane Pessoa
O segredo da primavera
está em cíclico retorno:
a semente , paciente, espera
de uma estação à outra, sua vez
de brotar, doar botões e florescer...
As flores ,que embelezam,estáticas,
já foram um dia borboletas:
sabem que agora, mudaram.
Outra destinação a cumprir,agora.
Mas embelezam, perfumam,
apesar de saberem que em breve,
retornarão ao seio da terra:
pétalas que caem , lama olorosa,
humus, adubo natural e mágico.

Boa lição para as pessoas
sobre cada tempo de ser...

Clevane Pessoa, primavera de 2007,22,Belo Horizonte.

domingo, 2 de setembro de 2007



Impatiens..
Suados das brincadeiras ainda um tanto infantis,sentam-se nos degraus da casa velha de seus avós.Copo de Coca-cola na mão.Férias :os netos todos aparecem ali na fazenda dos avós.Ele, adolescente,ela púbere.Os demais primos ou muito mais velhos ou pirralhos.Ela veste uns shorts meio gastos, com os quais dormiu à noite.As pernas largas, o cós afrouxado, estampa miúda semi - desbotada.Senta-se com as coxas bem abertas:faz calor, o ponto de fricção entre elas está úmido.Riem por nada.Por tudo.Sabem que algo neles está diferente das férias do ano passado.Formam um par, não querem saber nem dos mais velhos, nem das crianças.
_Ontem, eu vi..._Viu o que, Paquita?
Implicação, o apelido, por causa dos shorts curtos e as pernas grossas, os cabelos lisos e louros.Também, num carnaval, vestiu-se de paquita,qual as ajudantes da Xuxa.._Na hora do filme, os dois lá se agarrando e seu negócio cresceu..._Que negócio?...Ah...A vermelhidão correu-lhe do pescoço para o rosto .Lembrava-se da ereção.Até colocara uma almofada de veludo vinho,apesar do calor, sobre o monte crescente.
_Paquita, paca,paquinha, e daí? Sou homem, neh?
_Que homem?Você ainda cheira a leite...
Ela ri.Ouvira a expressão da avó.Ele se enfurece.Avança para ela.Ela negaceia o corpo.O beijo súbito a deixa sem fôlego.Na boca.Igual aos filmes de teens.Abaixa os olhos,fica rubra,da cor da "impatiens" que floresce sob a grade da varanda.Morde os lábios tumefactos, que ardem porque ele quase lhe chupou a boca .Ele segura seu queixo e ela ergue os olhos.
Perguntam um ao outro se gostaram. Dizem que primos não podem/devem.Não ligam;o que sabem é que primos querem.Sim.E querem mais.Ele a empurra com cuidado parabaixo da escada, onde o jardineiro guarda as ferramentas.Ela não se incomoda.Bom ficar embaixo dele,que mordisca sua orelha,seu pescoço.Arrepiada.
Ele ri:
_Parece uma galinha.
Ela não o agride qual faria no ano passado.Apenas olha o braço com os pelinhos dourados brilhando ao sol.E concorda.
_Mas é bom...
Dezenas de beijos.Não ouvem quando a avó os chama para o almoço.Beijar é bom , bom demais...Ele, entumescido e ardente,curioso.Ela,úmida,impatiens, curiosa...
Clevane Pessoa de Araújo Lopes20/03/2007

Publicado também no Recanto das Letras em 20/03/2007

Outono...Fonte:http://www.jornalecos.net/poema5.htmJornal'Ecos da Literatura Lusófona 25 de Novembro de 2005 - Edição N°29


Poema de...... Clevane Pessoa Brasil Pág. 999


Outono: variações em torno de um tema


1)Apelo Veemente Na pele, no cheiro, num fio estendido no ar, entre seres, entre serras, o re/conhecimento da ternura antiga, do toque, do suor, do perfume, do banho, do enlevo amoroso... Quem terá iniciado o crochet finíssimo, o bordado latente, a trama entretecida no tear do Tempo? Quando tudo começou, em que Terra, em que espaços da eternidade o labirinto de estrelas se enroscou? Onde terá sido escrito o enredo do nosso Amor, que enredado em sua própria teia, acabou mal começou e começara tão intenso, parecendo uma continuidade de sonhos já vividos e acontecências já vividas? Castigo de carma? Por que não voltas e vens reescrever comigo, protagonistas enredados pelos pés, pelas mãos , pelas almas, essa historieta que podemos retransformar?... Vê: é outono e embora a Primavera tenha adormecido para voltar, ciclicamente, é na promessa do fruto que a flor freme, olorosa, a pressentir o milagre da Criação...


2) Lembranças e RENDAS-DE-BILRO


Hoje , sob a luz dourada do outono, dobro peças de enxoval... Tenho então a sensação de que vejo cenas adoráveis, bilros numa almofada levemente se entrechocam, sons pequenos de madeira: borlas... Bordadeiras a bordar rápidas, sem poder parar. pois urge a entrega da encomenda feita... Doem os olhos, as costas, os dedos, mas a paciência é infinda, herdada, mas também treinada... O desenho segue a cuidadosa trama... Depois, a renda de bilros, orgulhosa, enfeitará a camisola-do dia, a toalha do altar, a blusa da moça-velha, a gola da doce-avó... Exibida a todos os olhares, elogiada, a memória da renda terá saudades da artesã que pacientemente se desgastou para que fosse apresentada ao mundo... Em breve, o inverno, por isso guardo estas leves peças para uso no ano que vem... Eu própria, no outono da Vida, devo guardar relembrares das primeiras vezes em que minhas mãos pequenas, leves e lisas desdobraram cada uma e houve um momento em que a mancha olorosa da fruta, do fruto, marcou para sempre o fresco lençol de linho... Agora, minhas mãos outonais trazem pequenos sinais da idade mas ainda tremem, num "frisson" de alegria pela descoberta do prazer...Esses dois textos, foram publicados, em forma de versos, em antologia (Antologia de Outono), organizada por Arnaldo Ziraldo.Por algum mistério, chegaram ao jornal Ecos formatizados em prosa.Gosto de prosa poética, então, mantive ...Clevaneclevaneplopes@gmail.com

Outono


Outono: variações em torno de um tema



1)Apelo Veemente Na pele, no cheiro, num fio estendido no ar, entre seres, entre serras, o re/conhecimento da ternura antiga, do toque, do suor, do perfume, do banho, do enlevo amoroso... Quem terá iniciado o crochet finíssimo, o bordado latente, a trama entretecida no tear do Tempo? Quando tudo começou, em que Terra, em que espaços da eternidade o labirinto de estrelas se enroscou? Onde terá sido escrito o enredo do nosso Amor, que enredado em sua própria teia, acabou mal começou e começara tão intenso, parecendo uma continuidade de sonhos já vividos e acontecências já vividas? Castigo de carma? Por que não voltas e vens reescrever comigo, protagonistas enredados pelos pés, pelas mãos , pelas almas, essa historieta que podemos retransformar?... Vê: é outono e embora a Primavera tenha adormecido para voltar, ciclicamente, é na promessa do fruto que a flor freme, olorosa, a pressentir o milagre da Criação...



2) Lembranças e RENDAS-DE-BILRO Hoje , sob a luz dourada do outono, dobro peças de enxoval... Tenho então a sensação de que vejo cenas adoráveis, bilros numa almofada levemente se entrechocam, sons pequenos de madeira: borlas... Bordadeiras a bordar rápidas, sem poder parar. pois urge a entrega da encomenda feita... Doem os olhos, as costas, os dedos, mas a paciência é infinda, herdada, mas também treinada... O desenho segue a cuidadosa trama... Depois, a renda de bilros, orgulhosa, enfeitará a camisola-do dia, a toalha do altar, a blusa da moça-velha, a gola da doce-avó... Exibida a todos os olhares, elogiada, a memória da renda terá saudades da artesã que pacientemente se desgastou para que fosse apresentada ao mundo... Em breve, o inverno, por isso guardo estas leves peças para uso no ano que vem... Eu própria, no outono da Vida, devo guardar relembrares das primeiras vezes em que minhas mãos pequenas, leves e lisas desdobraram cada uma e houve um momento em que a mancha olorosa da fruta, do fruto, marcou para sempre o fresco lençol de linho... Agora, minhas mãos outonais trazem pequenos sinais da idade mas ainda tremem, num "frisson" de alegria pela descoberta do prazer...



Esses dois textos, foram publicados, em forma de versos, em antologia (Antologia de Outono), organizada por Arnaldo Ziraldo.Por algum mistério, chegaram ao jornal Ecos formatizados em prosa.Gosto de prosa poética, então, mantive ...Clevane


Imagem:sobre foto de Alex (estou no no evento "Poesia Abraça a Música,organizado por Dayanne Timóteo, Poetisa e promotora de Culturano teatro Chico Nunes, em belo Horizonte, MG) a arte de Fernando Barbosa, do "Espaço Cultural Casa do Fernando", autor/ator teatral e fotógrafo.





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