domingo, 13 de abril de 2008

A Céu Aberto



O texto de Romeu prisco, deu origem a outros...Assim é quando autores se sensibilzam por uma causa ...
Clevane
Republico:


MORADORES DE RUA

Romeu Prisco


Este texto vem a propósito de recente e abominável fato, representado pelo cruel, brutal e covarde assassinato de moradores de rua, ocorrido na cidade de São Paulo. Tanto sofrimento, como se já não bastasse aquele de ter de viver nas condições subumanas em que vivem, ou em que viveram.

Como não poderia deixar de ser, o crime chamou a atenção de autoridades municipais, estaduais e federais, bem como de entidades e comissões de defesa dos direitos humanos. Afora o fato em si, abominável, como já disse, também não deixa de chamar a atenção a tardia e demagógica preocupação de políticos e de pastorais.

O que tais políticos, que agora estão exigindo rigorosas investigações, apurações e punições, fizeram para, se não acabar, pelo menos para minimizar o problema dos moradores de rua ? Recolheram-nos ? Determinaram freqüentes triagens, para saber quem é mesmo carente e quem é simplesmente marginal, a fim de encaminhá-los para as respectivas instituições ? A resposta é: pouquíssimo ou nada. Via de regra, tais moradores de rua são solenemente ignorados durante o dia e a noite.

E as pastorais, ligadas a entidades religiosas ? Ah, estas sim fizeram ! Quem circular pelo centro de São Paulo, na região das praças da Sé e João Mendes, poderá constatar facilmente o que acabo de dizer. Há algum tempo não me dirigia àquela região. Na última vez que o fiz, fui surpreendido pelas novas grades de ferro colocadas em torno da catedral.

Não bastassem a grades que já existiam nos vãos da arquitetura voltada para rua, as novas avançaram pelo passeio público, reduzindo consideravelmente a área destinada à circulação de pedestres, afora o prejuízo causado à estética local. Aliás, o passeio público não foi utilizado só para a colocação da cerca, como também para a construção de rampas de acesso e saída do templo.

Com isso, não só os indesejáveis, mas, principalmente os moradores de rua, são mantidos à distância da casa de Deus. O dinheiro gasto, desnecessariamente, com a realização das indigitadas obras no mesmo e em outros templos desta cidade, bem que poderia ser aplicado na assistência social aos moradores de rua, no lugar de mantê-los cada vez mais isolados da proteção divina.

Por esses e outros motivos, não me parece justo que, agora, pretenda se atribuir o problema também à sociedade. Os cidadãos de bem que, cobertos de razão, quiserem estabelecer sistemas de segurança, para se protegerem da violência e da bandidagem existentes em São Paulo, com a construção de lombadas no leito carroçável, colocação de guaritas no passeio público e, em alguns casos, com o fechamento de ruas de trânsito apenas dos seus moradores, encontram imediata e severa objeção dos poderes constituídos. Obviamente, não estou falando, aqui, dos templos e nem dos bairros nobres, de residências de alto padrão.

Quem reside em bairros de classe média, em modestas vilas, na periferia e que paga regularmente os seus impostos para receber segurança, sabe bem o que estou dizendo. Nem eles e nem os moradores de rua gozam dos mesmos privilégios, permitidos às pastorais e às classes mais abastadas.

Romeu Prisco
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Um grito a céu aberto

Schyrlei Pinheiro



A covardia nos espreita,sem hora ou localdeterminado.
Tantos projetos elaborados
e ninguém faz, ou vê nada,
e quem devia fazer, ou ver, cala-se.A brutalidade brota e corre solta.completamente livre,no mundo,
acumulando lixo de crueldade.A palavra mágica, só aparece em época de eleições.Os vampiros mascaram-se de anjos e a ambição arregala seus olhos. Finalmente, a céu aberto, um eco cobra das autoridades, dignidade; mostram, orgulhosos, uma sub-condição humana, gerenciada pela incapacidade do poder público. Comícios, aplausos, um show carnavalesco do sistema abominável, em troca de mais votos.
Chega de demagogia!
Quero o veto à suja investigação, que só apura, mas, não pune. Este é um grito, a céu aberto, em pról do cidadão marginalizado, que vive sem teto, sem emprego, implorando caridade. Pobre desgraçado, perdeu tudo; não restou-lhe, sequer, dignidade; pés no chão, roupas rasgadas, corpo sujo, alma nua, dorme ao léu, sobre noticias de classes privilegiadas e sonham, sem lenço, sem documentos, sem lar, sem família, sem pão, e, o pior ,em época de eleições, sem o titulo de eleitor. Religiosos caridosos, atiram, de longe, suas moedas, fazendo o sinal da cruz. Políticos, passam distante, rumo aos salões atapetados, prontos para discursar nas tribunas o destino das verbas arrecadadas.
Votos? eles os querem, para vetarem projetos básicos, em pról do sórdido prazer de afrontar a miséria; a prioridade política é esvaziar os cofres públicos, deixando de herança as faltas, sejam de emprego, saúde,moradia e justiça. Afinal de contas, eles não correm riscos; sabem que sobram paciência, fé e patriotismo do povo, extremamente patético, que aposta em sonhos errados, cedendo mordomia à malicia, engolindo, amordaçado, a lágrima da desonra nacional.
Escutem os gritos, vindos da sarjeta, e perguntem a sí próprios de quem é a culpa

Schyrlei Pinheiro

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Resposta também em versos e uma consideração

Leio esse texto de Romeu Prisco , esse texto de Schirley Pinheiro e minha alma de Poeta, rompe-se, qual um dique...Assim , qual se diz que um açude, no Nordeste, sangra águas, ou que a árvores , após a queimada, rebenhta em floração plena,pois há muito, incomoda-me essa situação situação dos que moram na rua e dormem ao relento,sanglço e floresço em versos vermelhos, cujo olor pungente dev eria atingir os donos do poder :

Pessoas "a céu aberto"

Clevane Pessoa de Araújo Lopes

Pessoas "a céu aberto"
não têm para onde voltar
no fim do dia:
apenas estendem papelões
e se deitam a tiritar, a suar,chorar
ou para dormir com fome.
Suprema humilhação, essa
a de não ter um lar...
Mas em vez de comoverem os demais
que possuem meios de ter higiene,
conforto, alimento, abrigo,lazer,
costumam provocar ações criminosas,covardes,
que ferem os mais simples direitos humanos...A barbárie coexiste
com a hipocrisia da civilidade
imposta, que não nasce do coração...
Com a cueldade insensata
dos que se sentem incomodados
porque sua cidade
está infestada
de homens-baratas,
vivendo em bueiros,sarjetas,
calçadas imundas...
Com os homens-pardais,
adaptados a sobreviver de lixo
e de restos...
Com os homens-ratos
a transmitir doenças e vícios...
Mas não fazem nada para minimizar
a miséria dessa nova espécie de pessoas...
Pessoas?Bichos que os outros homens caçam para exterminar a vergonha
de serem absolutamente fracos
-fracos demais para tecerem
a menor das relações de ajuda,
até para sorrir ou olhar
para mãos trêmulas, olhos-olheiras,
sujas orelhas e bocas desdentadas,
rotos trapos...
Bem sob o deslumbramento do céu
magnificamente azul,
os míseros são massacrados
para responder à sanha
dos assassinos
e ao non-sense dos alucinados,
dos racistas,
dos inconseqüentes,
dos insensatos e dos cruéis...
E ninguém parece
querer fazer nadanadanada...

(Para todos aqueles que também sentem...)
clevane pessoa de araújo lopes

Belo Horizonte, MG, Brasil

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