sábado, 9 de fevereiro de 2008

Meu Encontro com Leila Miccolis em Belo Horizonte


MEU ENCONTRO COM LEILA EM BH

Quando Leila chegou para participar do 8º Salao do Livro e Encontro de Literatura, telefonou-me do Othon, onde estava hospedada, e conversamos um bom tempo, apesar dela ter seu tempo aqui, em Belo Horizonte, muito restrito. Eu acabava de digitar o nome dela, convidando pessoas amigas por e-mail, para sua apresentação, quando meu filho disse que era ela. Fiquei muito alegre, mas quando atendi, a ligação caiu, então ele explicou que era do Hotel... Mas logo, meu celular tocou, e era a amiga querida. Dessas amizades que brotam da internet, por pessoas a quem não conhecemos pessoalmente, mas a quem sempre estamos querendo conhecer.

Ela contou-me que queria ir à Lagoa da Pampulha e eu lhe digo que sábado passado Neuza Ladeira, eu e Marco Llobus lá estivemos, com outros poetas.

Fui ao Salão do Livro com Neuza Ladeira, pintora e poetisa, que levou para presentar Leila o seu "Opúsculos" (selo Anomelivros), chegamos mais cedo para apanhar a senha da entrada da entrevista. Depois, encontramos a Bilá Bernardes, psicopedagoga e recentemente nomeada Consul de Poetas del Mundo, que nos mostrou seus livretos artesanais (pequenos apenas no tamanho), uma pessoa muito dinâmica, que está levando a poesia às escolas públicas da capital mineira. Também estiveram presentes Lívia Tucci, a poeta dourada, com seu livro "O Avesso do Cristal", de linda capa e belo conteúdo: forte e feminino, rasgante (ExtraVia Edições), Tânia Diniz, também com sua preciosa carga do "Mulheres Emergentes", Vera Casanova, outra grande ativista cultural, Wilmar Silva, poeta e editor, enfim, uma corte fiel da Leila. Todas as pessoas com presentes, livros, parea aquela pesoa exuberante, de 1,33m de altuira. Ao telefone, ela perguntou: "Você sabe que sou pequenininha?", perguntou-me... Sei, mas como é grande!

A primeira parte da participação de Leila, no Auditório Pirandello, foi a entrevista, dentro da programação "Encontro Marcado", nome que homenageia Fernando Sabino. O entrevistador, jornalista Régis Gonçalves, pediu a vários autores que elaborassem perguntas (lembro-me de três nomes: Nicolas Behr, Marcelo Dolabela, Wir Caetano) para a renomada autora, editora, atriz e, claro, mantenodora, com Uhracy Faustino, do conhecido e premiado portal de divulgação cultural, Blocos on Line, que em julho faz onze anos de vida, reconhecido pela UNESCO por sua qualidade.

Muito à vontade e cheia de energia, Leila Miccolis reviu velhos conhecidos, como Wilmar Silva, editor e performer e também foi recebida por uma comissão de frente de mulheres que com ela mantém intercâmbio via Internet. Aliás, essa forma de comunicação hodierna, foi um dos temas mais abordados por ela durante a entrevista, conduzida por Régis Gonçalves.

A talentosa e querida poetisa falou com propriedade da poesia nos Anos 70, e da guinada na escrita das mulheres, modificando todo o excesso de romantismo anterior que cobria, qual manto obrigatório, a dita poesia feminina até aquela época. Foi nessa época que começamos, abertamente, a modificar a estrutura da poesia brasileira escrita por mulheres. Por homens também, claro, mas a eles já era concedido o direito de regerem mudanças. A cada instante, as respostas atestavam a extraordinária vida ativa da poeta, segura influência em sua obra, uma vez que a filosofia de vida de um artista, de um autor, norteiam o seu fazer.

O que mais me impressiona na fala de Leila é o fato de ser genuína, autêntica defensora de causas várias, eternamente jovem, mestra que não pára de estudar (conforme noticiei acaba de faturar o primeiro lugar para um doutorado na UERJ). Conta-nos que há dez anos não publica um livro, por causa de sua intensa atividade na Internet, com o Blocos on Line e tudo o mais; mas mostra-nos, do palco, uma preciosidade:um livro, onde reuniu sua poesia, Sangue Cenográfico, grande o suficiente para cabê-las, mas seu último exemplar.

Depois, passamosà Cantina José Maria Cançado, ao lado do Auditório Pirandello, onde ela nos brindou com seu show "Pequena Notável". Nesse monólogo, ficam sempre evidentes seus posicionamentos em relação às questões cotidianas e à sexualidade em sentido lato, essa força motriz que nos move a todos e que não é apenas genitalidade.

Claro, os fotógrafos oficiais fizeram muitos flashs e vou tentar conseguir uma com maior definição.mas essas que a Lívia manda, são frutos do carinho que todas sentíamos pela pequena notável, Leila Miccolis, um registro de valor. Eu aguardei que a generosa amiga mandasse as fotos de sua máquina digital, pois eu fiz a clevanice de sair com uma máquina Cannon sem filme.

Uma das coisas boas da noite foi a confraria feminina que se instalou naturalmente: poetisas, com a mente aberta e muita alegria por poder abraçar pessoalmente aquela talentosa autora, atriz, mestra e tantos dotes difíceis de vermos reunidos em uma única pessoa.

Enchemos o folder da feira com recadinhos, parecendo adoelscentes.Gente muito jovem , estava ali presente e atenta.E nós, frutos maduros .Ou rosas maduras, pois a vinda de Leila Miccolis a belo Horizonte pareceu, repito, a de um pequeno beija-flor. Depois que ela se vai, ficamos quais flores que receberam a visita e a energia piolinizadora de um colibri multicolorido, que nos visitou, mas partiu mais cedo do que esperávamos...

De repente, minha amiga Neuza Ladeira é cercada por jovens que, ao ver seu Opúsculos, se aproximaram, porque uma poetisa de dezessete anos, tinha o livro e querem conversar sobre sua militância na juventude - o que a levou à prisão nos Anos de Chumbo. Dessa época, surge, qual o lótus da lama, a beleza e o perfume do livro OS COMEDORES DE SONHOS, que em breve estará publicado, junto a um outro, QUARTO DE DORMIR, QUARTO DE PENSAR.

Saindo do Salão do Livro, Neuza sente uma vontade grande de ir à Cantina do Lucas.Vamos. Ao chegarmpos, ela vê passar um velho amigo, de trinta anos atrás que ele não a vê. Entramos.Numa mesa de canto, Leila, Sérgio Fantini, o Curador do Salão, e Mônica, sua mulher. Há um segundo atrás, Neuza, cuja untuição está sempre em alta, diz-me:"É bem capaz da Leila estar aqui". Respondo que ela viajaria no dia seguite, que deveria acordar ás cinco da matina e, por certo, está no Othon Hotel. Eu, que tenho a intuição aguçada, errei redondamente. Ela explica que, pelo horário, não havia mais jantar no hotel. A despeito dio prazer, fiquei meio sem graça, pois poderia parecer tietagem bem, se fosse, e daí, mas foi uma grande sincronicidade do Universo). Quase imediatamente o amigo da Neuzinha retorna e a reconhece, então, passam a conversar e pude desfrutar mais um pouquinho do convívio com Leila, que nos fala sobre seus gatos e cães, de Maricá, onde reside, de Uhra (Uhracy Faustino, escritor e ilustrador), seu muso.

Temo cansá-la, e enquanto ela se alimenta com um prato de massa à francesa, sem carne, converso com Mônica e Sérgio. Ela acaba e novamente se vai, deixando-me muito feliz por essa oportunidade de conhecer de perto a grande amiga presenteada pela Internet, embora, a bem da verdade, parecia-me que já a conhecia, tantos e-mails trocamos.

E sou-lhe sempre grata, por estar sempre publicando meus textos, e mesmo corrigindo minhas famosas clevanices de diogitação. No abraço de despedida, ela me diz: "não esqueça de colocar espaços após as vírgulas".

Conto-lhe que estou treinando, sorrio e comovo-me. Ela, em época de dissertação de mestrado, muitas vezes, passou preciosos momentos, já escassos, nos seus muito que-fazeres, consertando minha digitação selvagem... rsss

Clevane Pessoa de Araújo

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