terça-feira, 10 de agosto de 2010

Jornalismo Econômico na imprensa de Juiz de Fora: histórico e possibilidades da abordagem da economia local

Leia o trabalho todo em PDF e tardiamente , envio parabéns à Cássia Carolina Borges, pois ainda não lera o trabalho de tessitura, quando empresta e devolve voz a certas épocas e à Economia .Interessantíssimo observar que nós, que trabalhávamos na Gazeta Comercial somos viventes (sobre/viventes) dessa lacuna-causada pela censura :
http://www.facom.ufjf.br/projetos/2007-2/CassiaBorges.pdf

Guilhon muitas vezes-e eu -éramos procurados pelos estranhos homens de semblante fechado.Conto algumas peripécias e constrangimentos em meu livro Nas Velas do Tempo - Memórias de Uma Repórter na Ditadura- -inédito, mas com um capítulo grande tornado e-book por Lourivaldo Perez Baçan, que se ofereceu para fazê-lo , creio que em 2004,sem custos para mim, por julgar que é de utilidade pública...

"Nas http://recantodasletras.uol.com.br/e-livros/57559elas do Tempo " é o nome de uma canção de Leni Tristão-cujo filho escreveu-me um e-mail noutro dia, para agradecer a citação dos versos de sua mãe.



Aluna da UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA -FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL , Cássia Carolina borges da Silva, fez uma interessante pesquisa sobre os jornais juizforanos , sobre a existência ou não de um jornalismo econômico na imprensa local em determinadas fazes.Trabalhei justamente nos Anos de Chumbo , onde a Gazeta era muito vigiada, por ser o jornal oficial da cidade e cobrir as ações da Prefeitura.Fui uma das entrevistasdas e indiquei nomes, dentre eles, o de meu amigo e chefe de redação, Gilson Guilhon Loures- depois, meu padrinho de casamento.Ele foi ainda "Secretário de Relações Públicas e Chefe de Gabinete do ex-prefeito Itamar Franco (1968-1972). Como era funcionário do Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge), por intermédio da instituição, foi trabalhar em Brasília (DF). No Distrito Federal, se tornou colaborador do Diário Mercantil e da Tribuna de Minas"(veja abaixo).Algumas vezes ele, literalmente, corría atrás botando a correr escada abaixo, visitantes indesejados, qual os grupos da TFP(Tradição, família e Propriedade), que apareciam caregando bandeiras , banneres e horrendos discursos tendenciosos.

Recebi o trabalho por e-mail, através de Terezinha Aparecida Soares.
Para ler na íntegra, busque:http://www.facom.ufjf.br/projetos/2007-2/CassiaBorges.pdf

Publico apenas as entrevistas com Gilson e eu.E louvo a pesquisa;a História deve ser escrita pelos que continuam vivos, antes que, mortos, se apossem dela e a deturpem.

Clevane Pessoa de Araújo Lopes.






CÁSSIA CAROLINA BORGES DA SILVA
Jornalismo Econômico na imprensa de Juiz de Fora: histórico e possibilidades da abordagem da economia local
Juiz de Fora
Dezembro de 2007 9
Cássia Carolina Borges da Silva
Jornalismo Econômico na imprensa de Juiz de Fora: histórico e possibilidades da abordagem da economia local
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção de grau de Bacharel em Comunicação Social na Faculdade de Comunicação Social da UFJF.
Orientador: Profa. Ms. Teresa Cristina da Costa Neves
Juiz de Fora
Dezembro de 2007 10
Cássia Carolina Borges da Silva
Jornalismo Econômico na imprensa de Juiz de Fora: histórico e possibilidades da abordagem da economia local
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção de grau
de Bacharel em Comunicação Social na Faculdade de Comunicação Social da UFJF
Orientador: Profa. Ms. Teresa Cristina da Costa Neves
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado
em 21/11/2007 pela banca composta pelos seguintes membros:
_______________________________________________
Profa. Ms. Teresa Cristina da Costa Neves (UFJF) - Orientador
_______________________________________________
Prof. Dr. Paulo Roberto Figueira Leal (UFJF) - Convidado
_____________________________________________________
Prof. Dr. Paulo do Carmo Martins (UFJF) - Convidado
Conceito Obtido _______________________________________
Juiz de Fora
Dezembro de 2007 11

A microeconomia é a vedete do jornalismo econômico recente de Juiz de Fora. Mas, perto da abrangência da macroeconomia, parece tão pequena... Entretanto, ínfima mesmo, ela fica diante da gratidão e dos agradecimentos oriundos desse projeto.
A idealizadora do produto é de origem divina. Os precursores, Rosalina Borges e José Pereira, investiram pesado. Não foram só recursos financeiros, mas, principalmente, emocionais para que “a mercadoria” tivesse qualidade para exportação!
O produto bruto ficou por conta de Cida Andreola, Gylson Guilhon Loures, Clevane Pessoa, Luciane Faquini, Marcos Croce, Priscila Fellet e Simone Silva. Já o produto final, só foi possível com a paciência e didática de Teresa Neves.
As parcerias foram fundamentais para a concretização do projeto. Paulo Martins e Paulo Roberto foram companheiros na etapa final da jornada. Vinícius Mattoso Cabral, responsável pela capa, importou tolerância e esteve presente em cada fotografia tirada para este trabalho. Sua cotação está em alta! Coube à Sala do Joarle “inflacionar” a amizade, à Embrapa Gado de Leite incrementar o conhecimento e ao Forum da Cultura fomentar a capacidade de lidar com as diferenças.
O processo contou com a colaboração de Ana Paula Figueiredo, Tiago Vítor e José Eduardo Brum que, com irreverência e resignação, entenderam que foi necessário serem “deixados de lado” pela idealizadora para que ela tivesse seu brainstorm e fizesse o trade off correto, a fim de concluir com ISO 9000 a etapa mais importante do seu processo educacional.”

(...)




3.2.2 Gazeta Comercial
Vários jornais que começaram a circular até meados do século XX se intitularam órgãos do comércio, da indústria e da lavoura. Entre eles, vale salientar a Gazeta Comercial, pela importância que teve como órgão oficial da Prefeitura na segunda metade do século XX.
O jornal apareceu em 1924 como instrumento noticioso da Associação Comercial de Juiz de Fora. Foi adquirido, décadas depois, por Theo Sobrinho. Passou por sérias dificuldades financeiras na década de 1970, quando o então senador Itamar Franco o comprou, com o intuito de ajudar Sobrinho. (OLIVEIRA, 1981, p. 44). Parou de circular no final daquela década, não sendo mais reativado por Itamar. Começou no formato standard, com seis colunas e quatro páginas. Ao longo de sua história, aumentou o número de colunas para sete e, posteriormente, para oito. O número de páginas variava entre quatro e seis e não havia editorias fixas.
A análise da edição 383, de 3 de junho de 1925, a mais antiga arquivada na Biblioteca Municipal Murilo Mendes, mostra que, dos três jornais com designação comercial que circulavam em Juiz de Fora na data, era o mais preocupado em abordar temas econômicos. A primeira página trazia amenidades, cartas de leitores e anúncios. Mas o maior espaço, quatro das seis colunas do jornal, era ocupado com uma matéria sobre a reunião da Gazeta Comercial de 3 de junho de 1925
Associação Comercial, realizada dias antes, e por uma notícia, enviada do Rio de Janeiro, sobre o valor econô-mico da palmeira babassú. Diferen-temente do Diário Mercantil e do Jornal do Commercio, já nos anos de 1920, usava títulos para separar e





APÊNDICE C
Entrevista com o ex-editor-chefe da Gazeta Comercial, realizada em 30 de setembro de 2007, via e-mail
O advogado e jornalista Gylson Guilhon Loures trabalhou na imprensa juizforana nas décadas de 1960 e 1970, inclusive como redator-chefe da Gazeta Comercial. Começou sua vida jornalística em periódicos estudantis. “Eu sou formado em Direito. Naquela época, como existiam poucas faculdades de jornalismo, quem exercia a profissão podia requerer registro e ser considerado profissional”, esclarece Guilhon.
O jornalista foi também Secretário de Relações Públicas e Chefe de Gabinete do ex-prefeito Itamar Franco (1968-1972). Como era funcionário do Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge), por intermédio da instituição, foi trabalhar em Brasília (DF). No Distrito Federal, se tornou colaborador do Diário Mercantil e da Tribuna de Minas.
- O senhor estava no mercado na época do boom do jornalismo econômico. Como eram exercidas as atividades naquela época? Como eram definidas as pautas?
- Nas décadas de 1960 e 70, praticamente não existia jornalismo econômico na imprensa de Juiz de Fora - pelo menos, o macroeconômico - e muito menos na Gazeta Comercial, que era um jornal de "assuntos gerais". Existiu, no final dos anos de 1970, uma coluna econômica no Diário Mercantil, assinada pelo jornalista Mendonça.
- Os jornais de Juiz de Fora seguiam a tendência nacional de criação de suplementos para tratar de Economia?
- Na GC não existiu coluna ou colunista econômico, muito menos suplemento econômico. 129
- A Gazeta tinha colunistas de Economia? O senhor publicava artigos a respeito da economia local?
- Realmente, naquele tempo, fui redator-chefe da GC e não analista ou comentarista econômico. Permaneci ali até quando o Itamar Franco a comprou. A GC foi desativada por razões de ordem financeira, com a perda do contrato com a Prefeitura Municipal para publicação de matérias oficiais do município.
- Como era exercer a profissão na época da censura militar?
- Foi horrível trabalhar sob a ditadura militar. A censura era terrível. Proibia-se tudo: divulgar ou noticiar, por exemplo, corridas de nudistas em praias, casos de meningite, epidemias, prisão de subversivos no Brasil, na Argentina, no Uruguai, prisão de padres franciscanos subversivos em São Paulo por crime de segurança nacional, abstenção de "grupos parlamentares", manifestações e panfletagens estudantis contra a realização da exposição Brasil-Export-1973, em Bruxelas, matérias, análises, ainda que hipotéticas, relativas à recessão econômica, abastecimento de carne e outros produtos. Nem uma "palavra sequer sobre a guerrilha do Araguaia..." Estas são as minhas informações e o meu testemunho daquela época e daquele período negro, lúgubre, horroroso da História do Brasil. Que nunca mais se repita! Nunca! 130
APÊNDICE D
Entrevista com Clevane Pessoa, realizada por E-Mail, no dia 8 de setembro de 2007
Clevane Pessoa de Araújo Lopes trabalhou no jornal Gazeta Comercial na década de 1960. Ela era jornalista e colunista do diário, onde ingressou em 1964. Atuou nas diversas áreas do jornal, como repórter, e trabalhou efetivamente na área de cultura, também como colunista. Atualmente, reside em Belo Horizonte e se dedica à literatura, tanto no sentido de publicação de suas memórias jornalísticas, quanto no auxílio e revisão de outras publicações.
- O próprio nome do jornal (Comercial) sugere que sua cobertura jornalística era voltada para a Economia ou, pelo menos, para o Comércio. Isso é verdade? A Economia era valorizada no jornal?
- Quando trabalhei na Gazeta Comercial, nos anos 60, não me recordo de ter visto muita ênfase na Economia. Eu tinha muitos exemplares do jornal, mas, devido às constantes mudanças de endereço, acabei me desfazendo deles. Passou tanto tempo desde aquela época e, sem possuir mais meus exemplares, não sei afirmar se, esporadicamente, alguém abordava essa área. Há, claro, a probabilidade de que, antes de minha ida para lá, houvesse uma correlação com o nome escolhido. A Gazeta era o órgão oficial da cidade, cobria a Prefeitura.
- O jornal seguia estruturação editorial semelhante a de outros (Cidade, Geral, Polícia, Economia, Politica, Nacional, Internacional, Cultura)? O corpo de repórteres era expressivo?
- Não era muito usual seguir estruturação editorial de outros jornais. A estrutura da Gazeta era mais livre e, mesmo assim, era complicado, pois era a época da censura, o jornalismo era cerceado. O Gylson Guilhon Loures e o Messias da Rocha que a 131
rediagramaram. O corpo de repórteres era pequeno, pois o valor pago era baixo. Eu a preferi aos Diários Associados pela oportunidade de trabalhar em várias áreas, meu intuito era diversificar. Nas férias de Heli Martinelli, da página de Turismo, por exemplo, eu o substituía.
- A senhora era colunista/cronista da Gazeta Comercial. Isso era comum em outros setores que não Cultura? Economia, por exemplo, tinha colunista?
- Os colunistas, além de mim, eram Campomizzi Filho, de Ubá, Wagner, Laís e Henri da família Correa de Araújo e Messias da Rocha, todos na área de Letras e Artes. Tinham também o Heli Martineli, que cuidava do Turismo e da Publicidade, a Marta Sirimarco, do Teatro, e o Roberto Guedes, da Astronomia. Já fiquei sabendo que até o Carlos Drummond de Andrade escreveu para o jornal. O Jeferson de Andrade, da Folha do Padre Eustáquio, de Belo Horizonte, também.
Sinceramente, não me lembro de alguém que escrevesse alguma coluna específica sobre economia. Mas o Guilhon, por exemplo, possuía interesses na área.
- Era fácil publicar alguma informação no jornal?
- Se alguém mandasse um bom artigo, geralmente, era publicado, independentemente de fazer parte do corpo de redação. Eu mesma, que era repórter e fazia de tudo um pouco, além de manter a coluna “Clevane Comenta” e as páginas domingueiras “Ribalta Lítero-Artística”, “Carrossel” e “Gente, Letras e Artes”, aceitei atuar como colaboradora ou indiquei outros colunistas, como a Lícia Stael, por exemplo, para a coluna de Música.
- A senhora destaca o trabalho de alguém da Gazeta Comercial? 132
- Lembro bem do Paulo Lenz, redator-chefe e irmão do dono, Theo Sobrinho, já falecido. A posteriori, entrou o Gylson Guilhon Loures. Ele foi meu chefe de redação e o responsável pela modernização do jornal e reformulação da diagramação. A Gazeta Comercial ainda era feita com linotipos, embora os Diários Associados usassem rotativa. O Messias da Rocha foi meu marido e redator-chefe de "A Tarde", uma espécie de “irmã” da Gazeta. Ele também era proprietário do tablóide Urgente. Destaco ainda a presença de José Luiz Dutra Toledo, também falecido, que marcou e muito o jornalismo mineiro.
- A senhora faz idéia de como foi o fim da Gazeta Comercial?
- Quando retornei a Juiz de Fora, por volta de 1990, soube que a GC não mais existia. Soube que Itamar Franco a comprara, para ajudar o então dono, Theo Sobrinho. E o Itamar não a reativou. Acredito que, nos anos 70, o jornal ainda funcionava, mas não sei se em toda a década.

(...)

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NAS VELAS DO TEMPO
Reminiscências no 31 de março
"Nas Velas do Tempo - Reminiscências no 31 de Março", de Clevane P. de Araújo Lopes nos lembra um tempo quando tínhamos medo, mas tínhamos audácia.(L P Baçan)

Baixe e Leia em http://www.viladasartes.org/bv/clevane/clevane.htm

Também em:http://recantodasletras.uol.com.br/e-livros/57559

Outros e-livros meus:

http://recantodasletras.uol.com.br/escrivaninha/ebooks/index.php

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