sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Poemas em Palavreiros




Esses poemas foram publicados no Dia da poesia, no Portal Palavreiros (http://www.palavreiros.org/):

Imagens:em casa, a escrever;com Belinha a poodle namorado de meu cãozinho Lucky
Minas Gerais / Brasil


Clevane Pessoa de Araújo Lopes




Lembrando Neruda

Arranham-me a alma
tuas patas de gato molhado
em névoa de mar...
Mas há versos teus
que são secos cactos
de deserto imenso...
E que dizer dos
que se engravidaram de chuvas
e molharam
minha terra ávida
de tua imensurável
grandeza?
Quando falaste de amor,
com teu sorriso indefinível
e teus olhos de lagarto,
pensei-te em asas de fogo
saboreando mel...
E foi assim, Neruda,
que por ti apaixonada,
quedei-me a espiralar-me
por certo tentanto(AINDA) alcançar-te...





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Novos estágios

Alma transida de espanto
transita em pranto,
se agita,
enseada de perigosas águas:
pranto.
Alma fortalecida,
resiliente, silente,
se ajeita
e, adormecida
sonha porvires, avatares,
pomares de frutos ignotos,
a se desmancharem
na boca morna
do prazer,
na concha acústica
do desejo
recém liberado,
antes coartado,
amordaçado,
castrado...
E alma , balerina em estrofes
jamais ditas,
benditas,
bem-ditas,
freme e plaina,
paina...





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No vendaval do término

Cantares em pomares:
estares
no meio da generosa
oferta dos frutos...
Gemidos e esgares,
chorares
no centro nervoso
do furacão...
Ventre túmido,
no momento primeiro.
Olho vasado,
na convulsão
do segundo
instante.
E pensar que aquele
pulsar de sumos
gerou essa perda de visão,
pesadelo, rodopio,
pio de ave ferida,
sangue*linfa*soro*
mensagem genética
incompreensível agora...





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Clevane Pessoa de Araújo Lopes

Psicóloga, escritora, pintora e ilustradora, militou na imprensa mineira nos anos da Ditadura Militar(Gazeta Comercial, Urgente-entre outros).
É palestrista, consultora de RH, Adolescência, Terceira Idade e Sexualidade.
Participa de várias antologias e possui dois livros publicados(Editora Plurarts-Belo Horizonte, MG):Sombras feitas de Luz e Asas de Água. Premiada em certames nacionais e internacionais, gosta de concorrer pelo "frisson da expectativa de aguardar o resultado. Ilustrou vários livros de poesia e o espetáculo teatral "Completa ceia", poesias eróticas de Rogério Salgado(exposição Intinerart). É consultora de teatro e considera o escrever uma de seus maiores prazeres. E, nesta linha, também considera que seus dois filhos, Cleanton Alessandro e Gabriel são seus dois melhores poemas-concretos.
http://www.magaamiga.hpg.ig.com.br
cpotiguara@yahoo.com.br
casasazuis@yahoo.com.br
clevaneplopes@yahoo.com.br
clevaneplopes@gmail.com

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Salamandras de fogo


:: Todos > Poesias


Salamandras de Fogo(da série Portugal em Chamas)
01/05/2006 09h56
Salamandras de fogo...
A imagem é uma das que, à época das queimadas,recebi entre muitas,em respostas à minha Poesia.Mas não lhes conheço o crédito(do fotógrafo).Se alguém souber,mande dizer,quecolocarei a autoria da imagem,tão bela quanto assustadora...




Joaquim Evonio,do site "Varanda das Estrelícias",retorna ao Grupo Portico Lítero Poético(este,liderado por Jurandyr Argolo).Evônio,generosamente,nos deixava compartilhar dios jardins de sua mãe,enviando lindas imagens de flores...
Eu já estava com saudade.
Noutro dia,pela madrugada,acompanhava uma reportagem de TV sobre vários aspectos das Terras lusas e abordaram o fogo.
Lembro-me de haver escrito para o Carlos Leite,diretor do CEN,uma série de poemas chamados Porugal em Chamas.E muito orei para o fogaréu tivesse fim.
Registro aqui e coloco a poesia que acaba de brotar:



Caro amigo:seja muitíssimo benvindo.Mesmo com você ausente,algumas vezes,envie textos em PVT.
Espero que já tenha se recuperado,bem como seus familiares,das perdas.Novos dias virão.Recomeços impostos às vezes machucam muiro,mas o homem tem a capacidade de,qual a fênix mitológica,re/fazer-se.
Que bom que vc já alça vôos-talvez pela varanda famosa....
Perdi meu esposo(acidente de estrada,terrível) e passei seis meses sem sair,porque chorava muito.Uma casa é como alguém familiar.O fogo tem salamandras implacáveis,conforme digo no poema abaixo,que acabo de fazer inspirada pela menção à idéia de fogo,à sua menção de incêndio.E na casa.,Impressionada,à época dos incêndios,fiz poemas em série,( Portugal em Chamas).Vc foi vítima dessa fase?Não sabia!
O importante é que o amigo volta e flores se abrem
O espírito das pessoas é maleável,reconstiti-se de si mesmo.E as salamandras diluem-se notempo.
Com amiizade cordifraterna;
Clevane Pessoa
www.clevanepessoa.net
(Meu blog está às ordens para vc enviar textos).


Portugal em Chamas(II)

Clevane Pessoa de Araújo Lopes

As labaredas desenham no ar sinuosidades
que quais mulheres fatais,
enganam pela beleza.
Assustadora beleza,
que crepita alegremente
enquanto devora.
O fogo tem salamandras implacáveis.
Elas aquecem o ar
e tudo mais em torno
enquantam dançam,azuis e alaranjadas.
E os homens,as mulheres,as crianças,
enquanto respiram o ar morno,
enquanto tentam livrar os animais,
enquanto veem as plantas se encolherem,
se enegrecerem
a resistir,
e as aves assustadiças
a fugir,
ainda se envolvem
em chales de temores ancestrais
e choram...
Dentro do coração cansado,
da alma chamuscada,
a esperança,
verde e renovada a cada instante,
brota em tênue manto
do qual será preciso cuidar...

E então,as horas se engancham nas pás
de velozes ou lentos
moinhos do Tempo...
As salamandram se evolam!

E um dia,as pessoas acordam mais contentes
e percebem-se curadas,reformulasdas.
Muito mais resilientes,
aprendem os segredos das adaptações...
E o pior já passou...

Para Joaquim Evonio,com carinho;
Clevane


Joaquim Evonio escreveu:
Amiga(o)s,

Foi com muito gosto que aceitei o convite para voltar a este simpático Grupo

Já cá estive durante bastante tempo, acabando por ser, ao que julgo,
automaticamento excuído devido ao silêncio prolongado decorrente dum
incêndio que aconteceu em minha casa no já distante Setembro de 2004.
Nada fiz na altura no sentido de voltar devido ao acréscimo de trabalho,
mesmo no que se refere ao prazer de gerir a minha página pessoal. Julgo ter
encontrado agora solução estrutural para poder dar mais atenção ao diálogo e
à sã convivência que tanto me agradam.

Reitero à Moderação os meus agradecimentos por este convite.
Espero a todos fazer boa companhia.

Abraço poético do

joaquim evónio

Seja bem-vindo ao meu site - Varanda das Estrelícias
www.joaquimevonio.com
Publicado por clevane pessoa de araújo em 01/05/2006 às 09h56
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Copyright© 2005 by ClevanePessoa. Todos os direitos reservados.Criado e hospedado por Recanto das LetrasPágina atualizada em 01.05.06 10:06
clevane pessoa de araújo lopes


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Publicado em 01/05/2006

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

SER SENSÍVEL



Imagem;coração cybernético

SER SENSÍVEL – Alain de Paula (Boston,USA)com Clevane Pessoa(Belo Horizonte,Brasil)



ser sensível é tocar o céu
perder a noção das vezes
velejar em mares de papel
e degustar o mel dos deuses



é abrir as asas de luz
ouvir a música dos anjos
solfejar-lhes cançôes sedutoras
de crianças a adultos, a arcanjos



é imaginar o desconhecido
na rotina dos sentimentos
e conceber claridade
à realidade dos momentos



é iluminar a noite com pirilampos
ver pétalas em asas das borboletas
colorir a extensão dos campos
renovar estradas obsoletas



é deixar marcas no tempo
despedir-se dos limites
e ao comer a maçã, criar coragem
para diluir-se junto ao amanhã



é entregar-se às sutis delícias
e nos toques humanos e divinos
fazer a colheita das primícias
tornar belos, meninos e meninas

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Fruto proibido





O FRUTO PROIBIDO

Lisieux


Maçã me lembra o fruto proibido
que todos dizem ter Eva comido...

Mas sabes?

Eu cá tenho para mim
que o fruto do jardim
era u'a manga-rosa,

cheirosa, suculenta,
colorida e saborosa...
nela cravamos os dentes,
o suco escorre
nos lambuzamos...
rimos contentes,
limpamos com a mão,
os lábios lambemos...
Carnuda e doce,
sensual...
fruto tropical,
cheiroso,
que nos convida ao pecado
mais gostoso...





VAMOS PECAR


Lara Cardoso



eu diria, melhor trepar
subida em loucura
risos e gemidos
para uma fruta alcançar
sem medo e censura
esqueça os pés feridos

Feliz foi Adão
que com sua Eva, não resistiu
diante de tal formosura
maça, manga ou jaboatão
o seu gosto sentiu
na boca de Eva foi às alturas

nem sei o que de melhor há
sentir pela boca a derreter
ou em partes ir saboreando
ir aos poucos até lá
e do topo, assim verter
e, como Adão, ir aos poucos amando




DO FRUTO PROIBIDO


Clevane Pessoa de Araújo Lopes


Sempre achei que o fruto proibido

às primeiras criaturas,

fosse um pêssego, pois

a cor,o aroma, o gosto e a textura

têm tudo a ver com as pessoas:

a cor da pele(embora talvez aí,

a jaboticaba e o sapoti possam

entrar nessa visão... e também o pequi...)

o cheiro entontecedor

se aspirado com a volúpia

das primeiras e das últimas descobertas...

Mas aí...

Também entrariam a maçã e a manga

e outras sumarentas...

O gosto, porque o beijo sabe a pêssego

na minha memória olfativa...

A textura, pois o pêlo

parece o da pele

suavemente convidativa

em tantos lugares do corpo...

Meu voto,é para o pêssego,

essa expressão do senso

poético e artístico

de Deus...

Poemas sem a letra "E"


poesia sem a letra "E"









VOANDO!

(Thereza Mattos)

Voar... voar...
para sonhar com o amado
pousar no solo
com todo cuidado
para não machucar
jamais o futuro
com máculas, mágoas...
Assim, sonhar
com o amanhã mais puro
agarrando o Sol
dourado, risonho
amigo, amado
abrindo como flor
nas horas mais claras
do dia... do amor!

São Paulo, 19/01/04

*******************************
PAZ
(Yara Nazaré - 21/01/04)

As horas vão passar
Mas nada vai mudar
O nosso caminhar
Nas ruas coloridas
Ornadas com lindas rosas
Os pássaros com lindos cantos
Seguindo os nossos passos
Tu sussurrando ao meu ouvido
As mais ditosas palavras.
Tão lindas como nosso amor
Só nós dois no campo florido
Com anjos no nosso caminho
Amparando o nosso andar
Com nada a nos abalar
Nossas mãos ligadas
Na forma harmonizada
Ouvindo a tua voz
Soando como um bálsamo
Do mais lindo e puro amor
Sinto uma maravilhosa paz.

***************
Sonhar
((sem E))


Schyrlei Pinheiro


Voltando a sonhar,
canto, amando, com cuidado
para não macular
a doçura do anjo
aportado no nosso lar,
calado como sombra,
ajudando-nos a caminhar
nas madrugadas inaugurais
do dia após dia,
infinito na magia
do amar.
*****

Quando canto

( clevane pessoa de araújo lopes)


Canto mais quando tristonha,
difícil sorrir todavia
quando a traição apunhala...
Na solidão,nos acompanha
uma angústia bisonha:
tanto quanto a alma fala,
mais a voz nos cala,
mais a alma apanha
trigo num campo calcinado...
Ainda assim, cantarolo,
rouca e à toa,
pois cantar reduz o fardo
faz do ruim,uma coisa boa...
Mas ao cantar um solo
sonhava um duo afinado...
Agora,nas chamas ardo,
nas chamas já mornas,frustradas
a destruir sonhos antigos.

O coração chora,
nas mãos dos anjos amigos
a tocar flautim
nos ouvidos dessa dor...

Turadinha Semanal ::Dute Cult Frutti ::










Recebo a turadinha desta semana, para todos os gostos ,idades e níveis de compreensão...

Serviço:



TURADINHAS :: Livros, Convites, Tirinhas e Ilustrações
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(31) 8884.0913 - 8814.4942 - 3486.1995


Tirinha da Semana :: Dute Cult Frutti ::

Contatos:
Turadinhas


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quarta-feira, 10 de outubro de 2007

CLESI E ALDRAVA






Aldravista entusuasmada com a causa da criança, Andréia Donadon, descreve abaixo, como aconteceu o salão Infantil na Feira do Livro de Ipatinga.


Acompanham-na o Diretor do jornal Aldrava, premiado poeta Gabriel Bicalho; o autor de Jenopapo, JS Ferreira,e ,com eles, a Relações Públicas de Clube de escritores de Ipatinga, CLESI.
Noutra, foto, ao lado da artista e poeta,o marido, JB Donadon Leal, Doutor em semiologia e professor da UFOP,também Poeta.

Os quatro estão frequentemente, a levar arte e poesia às escolas de Mariana.
Parceria Clesi/Aldrava no 2º Salão do Livro de Ipatinga

Na foto maior:Cida Pinho, Jorofa, J. S. Ferreira, Gabriel Bicalho, Andreia Donadon Leal e J. B. Donadon-Leal


Fotos:**Gabriel Bicalho, Marilda Lyra (Produtora do CLESI), Andreia Donadon Leal e J. S. Ferreira


**Palhaços , para a alegria da criançada.



E GIROU O MUNDO!!!!!!!
Duas estrelas soltas
pelo pé da leitura: Clesi & Aldrava

Texto de Andreia Donadon Leal - Déia Leal
Membro do Jornal Aldrava Cultural
Governadora do Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais - MG

"Uma noite poética: céu claro iluminado pelas estrelas; cenário perfeito para programação de lançamentos dos livros da Série Giro-Lê. E que gire o mundo poético na cidade de Ipatinga, das artes das palavras unidas pelo colorido das artes desenhadas nas páginas dos livros. Imagin/ação, gosto, criatividade das crianças estimuladas pelos lápis de cores nas mesas pequenas e bancos dispostos no estande. Muitas participaram deste momento mágico, primordial para a convivência no mundo da leitura. Interação entre autor & pequenos leitores estimulada pelas brincadeiras dos palhaços.

A proposta do Clube dos Escritores de Ipatinga não poderia ser melhor e abençoadas crianças, adultos e passantes que prestigiaram o evento. Sem dúvida, o 2° Salão do Livro foi magnífico e o CLESI e o ALDRAVA cumpriram e fecharam com chave de ouro os lançamentos dos livros da Série Giro-Lê. O Estande apresentou trabalhos de escritores que contaram, inventaram e escreveram histórias com o dom de transformar palavras em arte para crianças de 0 a 90 ou 100 anos de idade.

Incentivar o hábito de leitura; apoiar a produção, difusão e distribuição de autores regionais é participar da construção e melhoria da cultura e da educação em nosso país.

E girou o mundo! Girou o mundo mágico das letras e das artes na cidade encantada no estande do Clesi!"

Entre os pequeninos




Na página anterior, publiquei o texto de Andréia Donadon, de Mariana, MG,Brasil,sobre poesia na escola.

Trago agora, uma de suas fotos ,onde fala de arte e poesia com criancinhas...Belo trabalho!

O porquê

"Deixai vir as mim as criancinhas, pois delas é o reino dos Céus"...
Cristo, psicólogo e professor, bem sabia o que dizia.
Ao abrir espaço para a palavra pura e a expressão simbólica
que todas as crinaçs já trazem dentro de si,ao nascer,
sinalizava porque é possível a alquimia,
porque se pode "ouvir estrelas"e burilar pedras,
porque é possível a reivenção do Cosmos...

Clevane Pessoa, para Deia Leal(Andréia Donadon)

Andréia Donadon Leal:"Como Trabalhar Poesia em Sala de Aula?"




Omagens;Andréia com alunos, os poetas J.Sebastião Ferreira, (sentado, primeiro plano), JbDonadon, em pé e ,depois, Gabriel Bicalho, todos aldravistas(pertencentes ao Aldravismo, Movimento Artístico Literário da cidade primaz de Mg, Mariana, onde residem).

10/10/2007 16h33
Execelente texto de Andréia Donadon Leal:"Como Trabalhar Poesia em Sala de Aula?"

Imagem:Andréia Donadon Leal e as crianças, em Mariana,Minas Gerais, Brasil, sempre a lhes mostrar o mundo das artes e da poesia...

O convincente nesse texto, é a que Andréia sempre atua ao experimentar ,não apenas fala de forma empírica,inova ao criar e reinventa o que já havia...
As crianças e adolescentes, lucram...
(Clevane)

COMO TRABALHAR POESIA EM SALA DE AULA?

Andréia Donadon Leal
Graduada em Letras pela UFOP


O trabalho de professores com poesia torna-se muitas vezes uma interrogação ou uma tarefa árdua. Como devo trabalhar com poesia na sala de aula? Recorrentes questionamentos de educadores das séries iniciais e finais do Ensino Fundamental. O que dizer da poesia produzida para crianças? A visão de mundo veiculada pela poesia por poetas do passado, de modo geral, tendia a favor dos pais, mestres e adultos, enquanto que, na modernidade, essa visão muda muito. É possível falar das asperezas da vida e do convívio, o ilogismo aparece suscitar o questionamento das aparências, e o cômico se funda sobre o inesperado e rebelde.
A poesia para crianças define-se como a que a criança também lê e aprecia, não sendo uma poesia menor. A poesia contemporânea de qualidade tem caminhado no sentido de desfazer clichês, as metáforas cristalizadas, o simbolismo hermético, para resultar a palavra; ou seja, os propósitos pedagógicos cedem lugar ao pensamento poético esteticamente comprometido com a arte. As obras poéticas de nossos grandes escritores, cito Cecília Meireles e Henriqueta Lisboa, como as mais indicadas poesias para a infância, justamente pelo fato de não escreverem especificamente para crianças; respeito à infância, oferecendo-lhe a possibilidade de combinar sons e imagens, satisfazendo seu gosto pela criatividade, experimentação lingüística e reelaboração do real.
Infelizmente para muitas crianças, o primeiro e último contato com a poesia é na escola. Fica a cargo do professor a tarefa de criar o gosto ou desgosto pela poesia. Há educadores que privilegiam o tempo em sala de aula com ensino de gramática, ensinando a medir as sílabas, grifar os substantivos do poema e a circular os verbos, etc. Agir assim pode limitar a imaginação criadora dos alunos ou enfraquecê-la, em vez de estimular a capacidade de criar. Nas séries iniciais a teorização é dispensável, pois torna o trabalho desestimulante, cansativo e esconde o sentido mais belo da poesia. A criança tem capacidade para viver poeticamente, independente da condição social, o conhecimento e o mundo. Cabe à escola criar situações para incentivar a criatividade, intuição e o ludismo do discente, de modo a despertar-lhe a sensibilidade poética.
Hoje não é somente necessário apresentar textos de qualidade, mas somar outros elementos a essa aproximação, como o entusiasmo do professor ou mediador. O conhecimento da terminologia técnica é dispensável nas primeiras séries do ensino fundamental, sendo mais importante o exercício de dizer e ouvir poemas e de participar com o poeta na identificação do seu material poético. Poemas com onomatopéias, aliterações, compassos curtos, repetições de vocábulos e rimas são excelentes para alunos da série inicial de alfabetização. Ao repetir versos, aliterações e sonoridades, a criança realiza suas primeiras aproximações com a poesia. A primeira fase de seu contato com a poesia é a do domínio das sonoridades. Para crianças menores o melhor é lidar com textos poéticos que privilegiam a sensibilização e a vivência do texto. A iniciação ao texto poético deve começar desde cedo, para que esse gosto, uma vez instalado, seja passado para a adolescência e idade adulta. Os leitores iniciantes apreciam poemas como trava-língua, jogos de sons e palavras ou pelo elemento representado como animais, folclore, pessoas queridas, objetos inusitados.

Sem pompas e exageros, a poesia deve ser antes de tudo, lida, ouvida, cantada, sentida, degustada e vivenciada. Atividades que privilegiam o ato de ouvir e ler poemas com vários ritmos, melodias e entonações é um excelente começo.Criança menor poderá ser oferecido livros poéticos com textos menos densos e com imagem visual para facilitar a leitura. O assunto ilustração no livro tem sido bastante questionado nos últimos anos segundo Neusa Sorrenti, em A Poesia vai à Escola. A imagem não se restringe à função de traduzir o texto; ela ilumina novas percepções de leitura. As ilustrações não devem tomar o texto ao pé da letra e sim que os desenhos sejam somados ao texto por meio do diálogo texto/ilustrador. A ilustração deixaria de ser um mero ornamento gráfico para ser um fator de ampliação do elenco de significação do texto. Vejo inúmeras ilustrações em livros infantis quererem “desenhar” o texto inteiro, ou seja, o ilustrador quer contar a história toda no desenho. Ledo engano e postura inaceitável. A poesia pode dispensar esse apoio, e quando ele existir, deve ser um algo a mais, guiado pela qualidade do conteúdo, pois o livro cairia na estratégia publicitária de criar belas embalagens para produto de gosto duvidoso.
O trabalho com textos poéticos curtos deixa com que o leitor complete-os com sua experiência e individualidade. A sonoridade das palavras para crianças tem similar sentido como seu sentido. Arranjos de palavras levarão o leitor a perceber a musicalidade e a sonoridade e com isto o professor poderá aproveitar e recorrer a exercícios que levam a recriar/ e ou inventar outras palavras. Textos que recorrem a sons repetidos também causam atrativos jogos de sonoridade, sobretudo quando incentivado o leitor a ler em voz alta, marcando a cadência batendo palmas. Poemas curtos apresentam estímulo ao pensamento. Outra sugestão: trabalhe também com livros de poetas locais. Posteriormente convide-os para participarem de um Sarau e entrevista com alunos. Quando a instituição consegue inserir no ambiente escolar a presença de poetas e artistas, este recurso funciona como uma nova peça na construção de um ensino mais eficiente e concreto, incentivando ainda mais o gosto e prazer pela leitura e consequentemente pela poesia.
Hoje os tempos são outros e cada um escolhe as letras para emendar seu texto... Nada melhor que citar o poeta Camões que sabiamente versejou há muito tempo:
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades...”


Andreia Donadon Leal
Publicado originalmente no Recanto das Letras em 09/10/2007(www.recantodasletras.com.br)
Código do texto: T687850


E,abaixo, o pertinente comentáruio do Professor Aécio Sebastião de Souza:




Comentários

10/10/2007 13h28 - Aécio Sebastião de Souza
Sobre seu texto, considero-o excente! Andréia, na minha modesta opinião não segredo: tudo que é feito com seriedade, profissionalismo e dedicação, é sucesso e retorno garantido! Infelizmente muitos \'profissionais\'não agem assim em sala de aula! O resultado está aí! O analfabetismo funcional se alastra como uma praga. Pobre desse país, sorte dos políticos! Jamais serão incomodados! Sempre que pego um livro infantil observo e: questão das gravuras.Acho pertinente quando você diz que tem ilustrador que acha que tem que mostrar tudo, como se isso fosse possível!!! Importante é permitir que a criança \'solte\' sua imaginação!Por isso mesmo observo e descarto o livro de imediato, é a questão dos textos. Há frases que não se concluem ou não se completam nesses livrinhos infantis, tornando os textos incompreensíveis para uma criança, sem sentido mesmo. Por isso não suporto vendedor de livro em porta de escola! (risos) Vender é o que importa, embora, na maioria das vezes, não se saiba nem o que está vendendo! Também acho que não é o meio do programa de esporte ou do futebol que a rede globo (com minúscula mesmo, esse câncer da democracia brasileira), com suas chamadas piegas, irá \'conscientizar\' alguém de importância: leitura! Ridículo! Aí durante toda a grade ela incentiva outras coisas. Bem não vamos discutir isso agora! Parabéns pelo texto, sua produção intelectual e cultural está cada vez mais profícua! Beijos, Professor Aécio Sebastião de Souza.





Publicado por clevane pessoa de araújo lopes em 10/10/2007 às 16h33 também em http://www.clevanepessoanet/blog.php

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terça-feira, 9 de outubro de 2007

Reflexões sobre as Águas, Tom Zé, lavadeirinhas





Omagens:Lavadeira(Daumer)
Tom Zé:página: www.rockconcerts.it/artisti/concerti

"REFLEXÕES SOBRE AS ÁGUAS, AS LAVADEIRAS E ASSUNTOS AO REDOR...

Clevane Lopes *


Tom Zé(***), ontem, numa entrevista, contou de seu impacto imagético ao deparar com as lavadeiras em sua terra; roupas de todas as cores, estendidas numa grama bem verde e as vozes a cantar, por exemplo, “Meu Limão, meu Limoeiro”. Com aquele sorriso maroto, mas comovido, Tom diz que elas faziam segundas vozes paralelas - e vai enumerando: terceiras, quartas... sextas vozes, enquanto falseteia os versos da canção, a imitar as lavadeirinhas.

Venho ao computador e aviso Everi Carrara, que adora Tom Zé e fez, em seu Jornal Telescópio, uma bela homenagem aos sessenta anos do artista.
Publicou uma poesia que escrevi para esses parabéns merecidos. Veja seu texto:

"TOM ZÉ E OUTROS HERÓIS CONTRA ESSA CIVILIZACIÓN DE PALHA

"Se eu pudesse,inventaria uma máquina contra a burrice" -Tom Zé -

O escritor francês Antonin Artaud dizia: "Encaro a vida como homem livre; livre, ou seja, que jamais se deixou acorrentar". Sentia-se incomodado por essa "civilização de palha", européia e burguesa. Ele exilou-se voluntariamente no México, entre os povos indígenas,nas primeiras décadas do século vinte.

Outros artistas de gênio e poder de indignação perante a barbárie, procuraram também se desvencilhar dessa civilização que insiste em escravizar e/ou conduzir artistas e nações inteiras sob diversas e repetidas formas monopolizadoras. Eu sempre penso em TOM ZÉ, o compositor baiano mais emblemático do período Tropicalistas e pós-Tropicalista,o qual nunca se deixou conduzir pelos modismos e a falação propagandista oficial. TOM ZÉ passou por sérias dificuldades e obscurantismo. Mas e daí? Ele assim como outros raros talentos é um compositor livre,de formação musical erudita,cuja erudição deve ter lhe concedido tantos benefícios quanto o fraseado melódico das cancões das lavadeiras de Irará,no interior da Bahia. Eu intuo que o exílio de TOM ZÉ é para dentro, para a intemporalidade arqueológica de sua infância,quem sabe. Do mesmo modo como o poeta Rilke se referia á infância, sendo o único verdadeiro país para o poeta.TOM ZÉ disse desejar reconstruir essas melodias que ouviu nos tempos de criança, promovendo uma espécie imaginária e fértil de arrastão estético na cabeça. E eu leio algumas de suas entrevistas, pressentindo que sua aguda visão musical se redimensiona para as questões de natureza política, fora do contexto convencional - todavia, como um estudo, uma nova perspectiva de análise para confrontar - se perante a burrice e as injustiças sociais que nos cercam. Algo assim como o surgimento de um povo novo, que reunisse esse sincretismo revolucionário genuinamente brasileiro e globalizado de baixo para cima, misturando negros, brancos e índios -só para lembrar o saudoso Darcy Ribeiro. Eu intuo que a música de TOM ZÉ é simultâneamente invenção poética e desconstrução arquitetônica, do modo como fala o Niemeyer. Uma música que não é retilínea, é cheia de curvas e rítmos constragedoramente simples e bem-humorada. Sou daqueles que acreditam no poder dissociativo do riso para aniquilar essa globarbarização reinante.

EVERI RUDINEI CARRARA: músico, escritor, editor, professor de tai chi chuan,
cujo site é http://www.telescopio.vze.com.

Mas, de retorno às lavadeiras, percebe-se o fascínio que elas causam nos nos artistas. Muitos renomados, por exemplo, Gauguin, as pintaram. Muitos anônimos, em todos os países, e, no Brasil, em todas as cidades por onde passa um rio, também.

E elas cantam. Quase uma tradição.

Em Belo Horizonte, as alegres profissionais, apresentam-se acompanhadas do Carlos Farias, poeta e violonista, que as empoderou e divulgou, gravou com elas Cds, como o lindo”Aqua” e de vários outros artistas.

Qual a mágica? A água representa o movimento, a vida. Em última instância, o líquido amniótico, onde nadamos e nos nutrimos in útero. Nada que fica para trás é capaz de prendê-las. Odilo Costa, filho (*), revela, num verso: ”tudo cede à força das águas”... A velha marchinha brasileira diz “a água lava, lava lava tudo/a água só não lava, a língua desta gente” - para as comunidades ribeirinhas, se os rios são piscosos, ninguém passa fome.Se há água, ninguém fica com a roupa suja... Oriundas de época sem que não havia máquinas de lavá-las, as mulheres se unem, porque uma protege a outra, e formam um grupo. E cantam e cantam...

Nas regiões mais pobres, nunca, hão, talvez, de possuir uma lavadora. Mas suas mãos esfregarão onde for preciso.

O ditado “roupa suja se lava em casa”, talvez tenha nascido, porque as fofoqueiras de plantão, ali deságuam todos os fuxicos e intrigas... à força de não querer sua vida pessoal levada à beira do rio, espera-se que a descrição dos mal-estares domésticos, amorosos, profissionais, não saiam das “quatro paredes”...

Pearls, papa da gestalterapia, afirmava sabiamente: ”Não apresse o rio, Ele segue sozinho”... Moldadas por esse “caminho que anda”, essas mulheres que lavam aprendem uma filosofia de vida particular :tudo pode ser limpo. Nada quase é permanente. ”Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”... Se não segurar bem a peça de roupa, ela pode ir embora. Segure, então, e muito bem por analogia, o marido, o filho, o emprego...

E as lendas das águas? O Boto, moço que gosta de dançar e que pode ser responsabilizado por barrigas indesejadas... A Iara, que os gregos conheciam como sereias, contadas por poetas, qual Circe, que seduziu Ulisses, rei de Ítaca, sim, aquele que deixou a Penélope a tecer à sua espera... tecedura que ela desmanchava escondido, para jamais terminar, pois se a concluísse, teria de escolher um marido substituto...

Minha mãe, nos contava a rir: “Havia uma mulher feia que queria casar. Um moço lhe diz que se ela suportar passar a noite dentro do rio, ele com ela casará, mesmo amando outra.

E a megera passa a noite tremendo e dizendo: ”Treme, treme, corpo malvado: hoje estás tremendo e amanhã estás casado”... E o patinho feio se olha no espelho das águas, para verificar que cresceu, virou um príncipe... E Polegarzinha navega no rio sobre uma folha... Narciso, o que não se sabia belo, pois jamais olhara para outra pessoa, ao ver sua imagem no espelho aqualino, apaixona-se perdidamente pela beleza agora vista. E mergulha em busca de si mesmo, para a morte. Ah, quantas histórias, em todos os tempos e em todos os lugares...

Sobre as lavaderinhas, lavandeirinhas, escrevi um cordel:


Lavadeirinhas

Clevane Pessoa Lopes


Para amenizar a lida,
as lavadeiras de Minas
lavam cantando demais
o que lhes vai pela vida...

Rezam louvando a Maria,
cantarolam seus amores,
em coro choram suas dores,
sérias, mostram sua alegria,,,

Nas pedras batem os panos,
às vezes soltam risadas
enquanto dão suas braçadas,
as mesmas de tantos anos...

Às vezes, roupas perseguem,
que lhes fugiram das mãos,
os peixes são seus irmãos
por mais que os peixes o neguem...

Velho Chico, um grande rio,
acostumado às cantigas,
vê nelas grandes amigas,
a ninar seu passadio...

Os passarinhos se intrigam:
de que penas são tais vozes,
cantando lentas, velozes,
que sobre as margens se abrigam?

No Jequitinhonha, do Alto
cantam tanto as de Almenara,
que seu coro, qual jóia rara,
está num CD bem lauto...

Cantavam as ribeirinhas,
em Portugal, no passado,
e ao vir prá cá, com agrado,
trouxeram suas musiquinhas...

Por isso cantam as baianas
quando lavam na Abaeté,
linda lagoa - e com fé,
rezem sagradas, profanas...

Sobre madeira flutuante
- cada mulher tem seu porto
por questão de mais conforto
a cabocla lava expectante:

vigia se o boto aparece,
peixe em moço transformado,
um sedutor encantado
(senão a barriga cresce)...

As roupas brancas clareadas
à luz do sol, clareador,
ficam alvas, sim senhor
e depois serão engomadas...

São lindas as lavadeiras,
em belas coreografias
ensaiadas todos dias,
dançam e cantam faceiras

E esse show, sem ser ensaiado
toca qualquer coração,
pois corpos, braços, sabão,
são um todo sincronizado...

Que cantem sempre, avezinhas:
desaparecem os cansaços
nas canções alegrezinhas
que são seus melhores traços!...

Lave a alma, além do corpo, assim quais as lavadeiras lavam as roupas. Limpeza - é fundamental para que você se sinta melhor...


No momento, elas se apresentam no Palácio das Artes, em belo Horizonte. Uma aventura, sair do norte de Minas e navegar até aqui nas barcas do desejo. Uma epopéia, saírem de seus lugares de origem e, deslumbradas com esse mundão cheio de novidades, elas cantam. E en/cantam.

Belo Horizonte, 17/11/2006



* Escritora e poeta, exerce a profissão de psícologa e publicou dois livros de poesia está presente am algumas antologias. Escreve em alguns sites da internet Literária. Obteve o segundo lugar em um concurso do contos em Ipatinga- Minas Gerais. - Leia mais sobre o autor "



***Escrito em 2006:Tom Zé xompletou, neste outubro, 61 anos.

**Página do site Comunidade Mayte.

http://www.comunidademayte.com/Portal/artigos.php?id=1174&idCanal=20

domingo, 7 de outubro de 2007

Marco Llobus:"Varal das Almas"





14/06/2007 15h18
Marco LLOBUS : VARAL DAS ALMAS

Imagem:em foto da artista Sueli Silva: Marco Llobus, eu, Zé Ênio, do UNIAC,e um jovem poeta,Aleister Crowley.Local:Centro Cultural Lagoa do Nado (um dos muitos mantidos pela prefeitura de Belo Horizonte) em meu recital "A Poesia pede passagem", quando também Tânia Diniz, expôs exemplares de seu jornal de Poesia Mulheres Emergentes (18 anos de existir)(29/03/2007).





O duplo "l" desse Llobus parece sinalizar as suas pontas extremas : in/quieto ;concentrado/viajante do imaginário;pensador/agitador;idealizador/realizador;sonhador/empreendedor;prosador/poeta...

E por aí vaí, mas há um quesito de seu existir, em que é de uma firme e única instância de ser - AMIGO DE SEUS AMIGOS.Lobo, um bom, de fazer gosto à matilha...


De Marco Llobus (*), autor dos poster virtuais que deixei em Mariana e que criou para minha poesia, assim como os que Ricardo Evangelista deixou em Montevidéu, esse versejar:


VARAL DE ALMAS


Llobus escreveu:



esqueci minha alma no varal
Pra quenta sol e quará os encardidos
debochada em vento de promessa
anuvia presa ne pregador pressuntado

de certas malicias não se escapa
labuta suada é maculância de tempo
marca de poeira do correr dos encontros
noite e dia, sina respingada de trajetória

tragédia é orvalhança em remanso
abandono de sono sem coberta
encruzilhada de medo e duvidas
onde tudo pará... até demônio pra conversar

neste caminho de adão
as primeira experiências e esperança de estrela cadente
dispois solidão e pensamento se perdendo o firmamento
assombro de doido e de cagão...
criança com medo de bicho papão

é... o mundo hoje é cheio de informação
tudo se encontrando, mas resposta não tem não
e se assobia bicho... Galho caiu...
ai é assombro tomando forma
atenção que até formiga arrepia

mas quando explode a luz
e passarim faz orquestração
o mundo se renova... frio
mas vou deixa mais um pouco, pra vê se quenta, depois recolho ela pra dentro

*****************************************************

(*) Marco Llobus:artista plástico, fotógrafo, divulgador cultural,performer, preside a Rede Catitu de Divulgação e eventos líteros artísticos e desenvolve projetos culturais a perder de vista...Sobretudo, poeta.

Contatos;llobus@gmail.com.br


Publicado por clevane pessoa de araújo lopes em 14/06/2007 às 15h18

clevaneplopes@gmail.com

http://www.clevanepessoa.net/blog.php

http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=723

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

RAFAÉL JESÚS GONZALÉZ:A VECES LA LUNA PLENA



>> ÍNDICE
28/08/2007 11h22
Às Vezes, Lua Plena:Rafaél Jesús Gonzalez, a Elena.
Rafael Jesús González
mostrar detalhes 01:50 (9 horas atrás)


A veces la luna plena

a Elena


A veces la luna plena
es tan fría que no parece
merecer ser tan bella.

Pero hay noches
en que la datura amarilla
con su perfume espeso
le presta a la luna color y calor.

Esas noches es testigo la luna
de que lo que hemos bailado
ni la muerte nos puede quitar.

A veces la luna plena
es tan bella que no parece
merecer ser tan fría.



© Rafael Jesús González 2007




Sometimes the Full Moon

for Elena


Sometimes the full moon
is so cold that it seems
not to deserve being so beautiful.

But some nights
the yellow datura
with its dense perfume
lends color & warmth to the moon.

The moon is witness, those nights,
that what we have danced
not even death can take from us.

Sometimes the full moon
is so beautiful that it seems
not to deserve being so cold.



© Rafael Jesús González 2007




Elena Castañeda (August 24, 1951 - August 9, 2007)

http://www.indybay.org/newsitems/2007/08/12/18440186.php

Versão para o português

Às vezes, a Lua Plena

para Elena

Às vezes, a lua cheia,
é tão fria ,que parece
não merecer ser assim ,tão bela.


Porém há noites,
em que a datura amarela,
com seu denso perfume,
empresta à lua, cor e calor.

Nestas noites, a lua testemunha
de que aquilo que um dia dançamos,
nem a morte pode acabar...

às vezes, a lua cheia,
é tão bela que nem parece
merecer aparentar ser fria...

N da tradutora

Amigo Rafael:

Saludos cordiales.

Ese poemeto bién traduz tu luto.

En esa libre tradución he buscado mantener la leveza, el ritmo y miesmo el luto ,el pesar por Elena, la amiga , que se fue,asta l' otra dimensión tan recientemiente.
Y el final de las palabras "parecer" , somada a "tão"("tan " en mi Português), en nuestro idioma, "sertão",( tierras sin agua,lluvia, es el miesmo qué decir, "desierto" ).
Entonces, posteei esa composición, fiel a tu mensage(contexto)...
Abrs cordifraternales:

Clevane Pessoa
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, en 28/08, cúando Marte , en lo cielo parecenos semejante a otra luna...

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Trova


Comer maçã é pecado?
Nem mesmo no paraíso...
Um beijo, mesmo roubado,
faz por nós o que é preciso...
Clevane
(para o blog de Masé Soares)
Mas comer maçã é pecado?

Nem mesmo no paraíso:

qualquer beijo saboreado

faz por nós o que é preciso...


Clevane(para o blog de Masé Soares)

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Aldravas,Portas, Porteiras e Portais


Os aldravistas deram-me a chave para abrir as portas de Mariana,cidade primaz de Minas Gerais .Abri a do coração para eles.Hoje, amigos sinceros e verdadeiros.

Aqui, poemas em sua homenagem:



na madrugada de 15/09/2007 (Do novo livro em construção, Portas, Portais e Porteiras )

Porta & Aldrava(Para Gabriel Bicalho, diretor do jornal Aldrava, que sabe bater à porta da Poiesis)
Clevane Pessoa de Araújo Lopes
A Aldrava crava sons cravos na espess ura da porta.

Sons agudos, sons c avos na tessit ura da aorta-a veia maior,

a que acompanha a sonância da sístoleda diástole

e mesmo da extra-sístole-aquela a mais.

Ansiedade dedesconhecer quem virá atender e de que forma será tratado, destratado,

esperadoou expulso - seja anjo ou demo

pura demonstraçãode que, monstro ou puto de igreja

nem sempre, por detrás da porta*

estará aquela pessoa que se deseja.

A porta é uma aorta que conduz o medo do degredo

e a esperança sem limitações.

A aldrava é uma vaga espécie de sino

com muitas formas diversas.

Há quem bata de qualquer maneira.

Há quem tenha aprendido a bater e acalmar a ansiedade.

E alguns sabem quando ir embora,sem demora,por pura precaução.

E muitos, fogem em diparada por medo de assombração.

A aldrava, impávida, estática,somente entra em ação

se a toca qualquer mão...Enfrenta o tempo impassívele não decodificável.E per/dura,

dura guardiã, século após século. na madrugada de 15/09/2007(Da série, Portas e Portais)

Portas e Portais(Para Déia Leal- Andréia Donadon Leal-cujos olhos de pintar e as mãos de vi/ver, sabem das diferenças)

Clevane Pessoa de Araújo Lopes



Nunca se sabe o há que atrás de uma porta,

se um Príncipe Encantado, se a Moura Torta,

se a vida continua ou se a Morte já entrou.

A expectativa faz o coração galopar,

corcel de ventania, salamandra de fogo

-ser bem ou mal recebidos, que importa

se todos os dias, a soleira não se lava,

mas se for lavada, a mesma entrada será?

Atrás da porta, uma mesa posta,

uma mala feita,o falso carinho, a afeição genuína...

Bater, campainha ou aldrava,

com os nós dos dedos,

avisar da chegada, no momento preciso.


Chegar e abrir,

um ato de coragem desapercebido e necessário,

no cotidiano dos vivos, sinais...


*Aos que partem para a outra dimensão, portais...


em 15/09/2007, Madrugada (1:45h)


__________________***___________________


Porta & Aldrava(Para Gabriel Bicalho, diretor do jornal Aldrava, que sabe bater à porta da Poiesis)
Clevane Pessoa de Araújo Lopes
A Aldrava crava sons cravos na espess ura da porta.

Sons agudos, sons c avos na tessit ura da aorta

-a veia maior,

a que acompanha a sonância da sístole da diástole

e mesmo da extra-sístole

-aquela a mais.

Ansiedade de desconhecer

quem virá atender e de que forma será tratado,

destratado,

esperado ou expulso

- seja anjo ou demo

pura demonstração de que, monstro ou puto de igreja

nem sempre, por detrás da porta*

estará aquela pessoa que se deseja.

A porta é uma aorta

que conduz o medo

do degredo

e a esperança sem limitações.

A aldrava é uma vaga espécie de sino

com muitas formas diversas.

Há quem bata de qualquer maneira.

Há quem tenha aprendido a bater

e acalmar a ansiedade.

E alguns sabem quando ir embora,

sem demora,por pura precaução.

E muitos, fogem em diparada

por medo de assombração.


A aldrava, impávida, estática,

somente entra em ação

se a toca qualquer mão...

Enfrenta o tempo impassíve

le não decodificável.

E per/dura,

dura guardiã,

século após século.


Na madrugada de 15/09/2007(Da série, Portas e Portais)


_________________________***_______________________



segunda-feira, 24 de setembro de 2007

seis décadas


Meus filhos , o contrabaixista Allez Pessoa, da banda Tancredos e Gabriel, da Banda Tancredos, cansados de me verem em casa, reuniram , no La Greppia, aqui em Belô,para um rodízio de massas, muitos de nossos amigos, para meu niver (16 de julho).Estou de seda rosa e óculos.
Presentes:fila 1, à esquerda:Aless, Marina e eu.Em frente a Nós, os poetas Wilmar Silva e Claudio Márcio barbosa.
Na fila 2, da esquerda para a direita, Luciana, irmã de Ka, e, en frente, Gabriel e Karina.Fotos pequenas:Gabriela , encantadora, como sempre,e seu poeta Bernardo,Neuza Ladeira e Wilmar,seu editor ;de camisa vermelha, Ronei e a fofa Luizinha; abaixo,Alessandro e Ciléia.
Fila 3, da esq para a dir.:Eu e Luiza, minha "leitora" de dois anos, que conhece meu "A Indiazinha e o Natal";na foto pequena, eu, ela e a avó, Graça, mãe de Karina, minha nora, Luciana, jornalista que encantou a todos em meu poesia é ouro,organizado por Karina e,no quil foi mestre de cerimônias, vestida em um longo verde. Marina, outra poetisa,de Teófilo Otoni, que mora aqui e virou sobrinha,de verde, e eu.
Na fila inferior;Neuza Ladeira, a grande poetisa ,minha especial amiga, comigo e, entre nós, um amigo de Wilmar.
Quando Allez contou algo mais "pesado", brinquei que ele não me respeitou meus cabelos brancos.Gozação geral:não os tenho...
Ainda.E dizem:vc não parece ter sessenta anos.
Não pareço, mas eu sei que tenho...

domingo, 23 de setembro de 2007

Dos Poetas e da Poesia




Encontro, no site Poetas de Guarulhos(http://poetasdeguarulhoseoutrosversos.zip.net/), um de meus textos em prosa poética, enviado para lá pela Rozélia Scheifles Rasia, que preside a ALPAS XXI, da qual sou Delegada em MG.


"A Palavra do Século XXI, é de Cruz Alta, no RS.


Gostei da formatação, agradeço.É esse o texto:




Data especial (Dia da Poesia,21 de março)




O tempo se enovela e nos arrasta, poetamos, mas nem todos nos decifram.Somos anjos arautos, somos esfinges,espéculos, tonel das Danaiades, caixa de Pandoras, relicários, sudários, graais, livros-das-sombras. Todas as marcas do Mundo se redesenham nas faces de nossa alma e escoam pelos poros de nossa imaginação... Escrevemos como quem sorri, escrevemos como quem chora. Oferecemos nossos rebentos e muitas vezes, seguem nus, noutras,vestidos de orvalho ,numas, de cambraias bordadas...Em muitas ocasiões, malfeitores do verbo, roubam-nos a autoria. Ainda não há delegacias especializadas em crimes contra a Poesia. Quantos a deturpam ou trucidam, declamando-a mal ou analisando-a a dissecar nossos versos de forma grosseira? Afinal, quem compreenderá nosso tanto de angústia existencial mesclado à nossa força de cantar?
Clevane Pessoa de Araújo (Minas Gerais )
(texto gentilmente enviado por Rozelia Scheifler Rasia )- rozelia@laguna.com.br

sábado, 22 de setembro de 2007

haikais de haruko



Haikais de Haruko(*)


(*)Pseudônimo de Clevane Pessoa de Araujo Lopes.Significa "Primavera",em japonês


Haikais de Primavera

Os risos das crianças:

No cristal, bolas de gude

- luzes trepidantes



–Pássaros canoros

Energia em expansão

Almas projetadas...

Gestação de arco-íris

Leveza atestando o efêmero-

Bolha de sabão.


Reflexo de prata:

Luar despeja-se no mar

- Espelho do céu



Leve borboleta

Vitória sobre a crisálida:

Pétalas aladas...



Sons de flauta doce:

Murmúrios edulcorantes

- Vento no bambual...

Confraria das Borboletas (RS)


21/09/2007 12h21
Confraria das Borboletas:as poetas voejam!
ÀS papilonáceas poetas, essas mulheres -borboletas qie pertencem à Confraria das Borboletas. A primavera já está no ar e atrai as borboletas...Recebo esse convite e quero voar...Bem , eu que amo as borboletas, gostaria de ir até ao Rio Grande do Sul e desilhando-me, estar nesse evento .Recebo o convite de Ieda Cavalheiro,Presidenta da CAPORI:Casa do poeta RioGrandense.Muita alegria, sucesso, criatividade nesse võo poético, é o que lhes desejo.(Clevane Pessoa, Poeta Honoris Causa pelo Clube Brasileiro de Língua Portuguesa para oito Países Lusófonos e Cônsul Z-C, em Belo Horizonte, de Poetas del Mundo).
CONVITE
CONFRARIA DAS BORBOLETAS
Grupo de Poesia

Claudete C. Gonçalves ,Enilda Benfica ,Jane Pimentel ,Jussara Bandeira ,Ligia A. de Oliveira ,
Maria Celeste R de Souza ,Maria Helena S. Severo ,Marli A. Fernandez ,Teresa M.P.Andrade .

APRESENTA

TRAMA POÉTICA
Poetisas Brasileiras :

Celina Ferreira Francisca Julia Jane Pimentel Lilá Ripoll Lara Lemos Maria Dinorah Prado Henriqueta Lisboa Maria Carpi .


Dia 29/09/2007 às 15 horas
Teatro CEEE Érico Veríssimo
Auditório Barbosa Lessa
na Andradas, 1223 – Porto Alegre


"Ao Porto-Poesia 2007
e à Confraria das Borboletas
Apoio Cultural ,da CASA DO POETA RIO-GRANDENSE – CAPORI
"
Presidenta: Ieda Cavalheiro
da ASSOCIAÇÃO DE ARTE E LITERATURA
DA ZONA NORTE DE PORTO ALEGRE/RS - AALZON-POA-RS


Que maravilha!Adoro borboletas...Postei em meu outro blog também (http://www.clevanepessoa.net/blog.php), fico às ordens, para editar poemas, fotos, releases, cartazes... Gostaria de receber um histórico de todas essas entidades, para divulgação e de entrevistar vcs.Um grande abraço para as mulheres poetas,papilonáceas.
Clevane Pessoa de Araújo Lopes

Poemeto para vcs , abaixo, caso queiram ler, vou adorar...



De Belo Horizonte, MG, Brasil, até Porto Alegre...

Confraria de Borboletas...

Poetas papilonáceas,
explosão de cores,
querem voejar:
explosão de olores,
a primavera no ar...

Confraria de borboletas
(conforme Yeda Schmaltz,
"borboletras"), todas as nuances,
esmeraldas, turquesas,
pinks, púrpuras, aniladas,
terra-de-siena,marinhos,
alaranjadas, amareladas,
neons, mistura de tons,
cores de esmaltes,
primárias e secundárias,
terciárias...
Fazem inveja
aos poetas -passarinhos...

Clevane Pessoa de Araújo, especialmente para a Confraria das Borboletas.
http://www.clevanepessoa.net/blog.ph´clevaneplopes@gmail.com

Trovas e Poemas de Primavera


A PRIMAVERA EXPLODIU

EM FOLHAS E CORES NOVAS!

QUEM FEZ TUDO NINGUÉM VIU

MAS AS FLORES SÃO AS PROVAS...

Clevane Pessoa


Trova:

Primavera o ano inteiro
você terá , onde houver
um amigo verdadeiro
para o que der e vier...

Clevane Pessoa
O segredo da primavera
está em cíclico retorno:
a semente , paciente, espera
de uma estação à outra, sua vez
de brotar, doar botões e florescer...
As flores ,que embelezam,estáticas,
já foram um dia borboletas:
sabem que agora, mudaram.
Outra destinação a cumprir,agora.
Mas embelezam, perfumam,
apesar de saberem que em breve,
retornarão ao seio da terra:
pétalas que caem , lama olorosa,
humus, adubo natural e mágico.

Boa lição para as pessoas
sobre cada tempo de ser...

Clevane Pessoa, primavera de 2007,22,Belo Horizonte.

domingo, 2 de setembro de 2007



Impatiens..
Suados das brincadeiras ainda um tanto infantis,sentam-se nos degraus da casa velha de seus avós.Copo de Coca-cola na mão.Férias :os netos todos aparecem ali na fazenda dos avós.Ele, adolescente,ela púbere.Os demais primos ou muito mais velhos ou pirralhos.Ela veste uns shorts meio gastos, com os quais dormiu à noite.As pernas largas, o cós afrouxado, estampa miúda semi - desbotada.Senta-se com as coxas bem abertas:faz calor, o ponto de fricção entre elas está úmido.Riem por nada.Por tudo.Sabem que algo neles está diferente das férias do ano passado.Formam um par, não querem saber nem dos mais velhos, nem das crianças.
_Ontem, eu vi..._Viu o que, Paquita?
Implicação, o apelido, por causa dos shorts curtos e as pernas grossas, os cabelos lisos e louros.Também, num carnaval, vestiu-se de paquita,qual as ajudantes da Xuxa.._Na hora do filme, os dois lá se agarrando e seu negócio cresceu..._Que negócio?...Ah...A vermelhidão correu-lhe do pescoço para o rosto .Lembrava-se da ereção.Até colocara uma almofada de veludo vinho,apesar do calor, sobre o monte crescente.
_Paquita, paca,paquinha, e daí? Sou homem, neh?
_Que homem?Você ainda cheira a leite...
Ela ri.Ouvira a expressão da avó.Ele se enfurece.Avança para ela.Ela negaceia o corpo.O beijo súbito a deixa sem fôlego.Na boca.Igual aos filmes de teens.Abaixa os olhos,fica rubra,da cor da "impatiens" que floresce sob a grade da varanda.Morde os lábios tumefactos, que ardem porque ele quase lhe chupou a boca .Ele segura seu queixo e ela ergue os olhos.
Perguntam um ao outro se gostaram. Dizem que primos não podem/devem.Não ligam;o que sabem é que primos querem.Sim.E querem mais.Ele a empurra com cuidado parabaixo da escada, onde o jardineiro guarda as ferramentas.Ela não se incomoda.Bom ficar embaixo dele,que mordisca sua orelha,seu pescoço.Arrepiada.
Ele ri:
_Parece uma galinha.
Ela não o agride qual faria no ano passado.Apenas olha o braço com os pelinhos dourados brilhando ao sol.E concorda.
_Mas é bom...
Dezenas de beijos.Não ouvem quando a avó os chama para o almoço.Beijar é bom , bom demais...Ele, entumescido e ardente,curioso.Ela,úmida,impatiens, curiosa...
Clevane Pessoa de Araújo Lopes20/03/2007

Publicado também no Recanto das Letras em 20/03/2007

Outono...Fonte:http://www.jornalecos.net/poema5.htmJornal'Ecos da Literatura Lusófona 25 de Novembro de 2005 - Edição N°29


Poema de...... Clevane Pessoa Brasil Pág. 999


Outono: variações em torno de um tema


1)Apelo Veemente Na pele, no cheiro, num fio estendido no ar, entre seres, entre serras, o re/conhecimento da ternura antiga, do toque, do suor, do perfume, do banho, do enlevo amoroso... Quem terá iniciado o crochet finíssimo, o bordado latente, a trama entretecida no tear do Tempo? Quando tudo começou, em que Terra, em que espaços da eternidade o labirinto de estrelas se enroscou? Onde terá sido escrito o enredo do nosso Amor, que enredado em sua própria teia, acabou mal começou e começara tão intenso, parecendo uma continuidade de sonhos já vividos e acontecências já vividas? Castigo de carma? Por que não voltas e vens reescrever comigo, protagonistas enredados pelos pés, pelas mãos , pelas almas, essa historieta que podemos retransformar?... Vê: é outono e embora a Primavera tenha adormecido para voltar, ciclicamente, é na promessa do fruto que a flor freme, olorosa, a pressentir o milagre da Criação...


2) Lembranças e RENDAS-DE-BILRO


Hoje , sob a luz dourada do outono, dobro peças de enxoval... Tenho então a sensação de que vejo cenas adoráveis, bilros numa almofada levemente se entrechocam, sons pequenos de madeira: borlas... Bordadeiras a bordar rápidas, sem poder parar. pois urge a entrega da encomenda feita... Doem os olhos, as costas, os dedos, mas a paciência é infinda, herdada, mas também treinada... O desenho segue a cuidadosa trama... Depois, a renda de bilros, orgulhosa, enfeitará a camisola-do dia, a toalha do altar, a blusa da moça-velha, a gola da doce-avó... Exibida a todos os olhares, elogiada, a memória da renda terá saudades da artesã que pacientemente se desgastou para que fosse apresentada ao mundo... Em breve, o inverno, por isso guardo estas leves peças para uso no ano que vem... Eu própria, no outono da Vida, devo guardar relembrares das primeiras vezes em que minhas mãos pequenas, leves e lisas desdobraram cada uma e houve um momento em que a mancha olorosa da fruta, do fruto, marcou para sempre o fresco lençol de linho... Agora, minhas mãos outonais trazem pequenos sinais da idade mas ainda tremem, num "frisson" de alegria pela descoberta do prazer...Esses dois textos, foram publicados, em forma de versos, em antologia (Antologia de Outono), organizada por Arnaldo Ziraldo.Por algum mistério, chegaram ao jornal Ecos formatizados em prosa.Gosto de prosa poética, então, mantive ...Clevaneclevaneplopes@gmail.com

Outono


Outono: variações em torno de um tema



1)Apelo Veemente Na pele, no cheiro, num fio estendido no ar, entre seres, entre serras, o re/conhecimento da ternura antiga, do toque, do suor, do perfume, do banho, do enlevo amoroso... Quem terá iniciado o crochet finíssimo, o bordado latente, a trama entretecida no tear do Tempo? Quando tudo começou, em que Terra, em que espaços da eternidade o labirinto de estrelas se enroscou? Onde terá sido escrito o enredo do nosso Amor, que enredado em sua própria teia, acabou mal começou e começara tão intenso, parecendo uma continuidade de sonhos já vividos e acontecências já vividas? Castigo de carma? Por que não voltas e vens reescrever comigo, protagonistas enredados pelos pés, pelas mãos , pelas almas, essa historieta que podemos retransformar?... Vê: é outono e embora a Primavera tenha adormecido para voltar, ciclicamente, é na promessa do fruto que a flor freme, olorosa, a pressentir o milagre da Criação...



2) Lembranças e RENDAS-DE-BILRO Hoje , sob a luz dourada do outono, dobro peças de enxoval... Tenho então a sensação de que vejo cenas adoráveis, bilros numa almofada levemente se entrechocam, sons pequenos de madeira: borlas... Bordadeiras a bordar rápidas, sem poder parar. pois urge a entrega da encomenda feita... Doem os olhos, as costas, os dedos, mas a paciência é infinda, herdada, mas também treinada... O desenho segue a cuidadosa trama... Depois, a renda de bilros, orgulhosa, enfeitará a camisola-do dia, a toalha do altar, a blusa da moça-velha, a gola da doce-avó... Exibida a todos os olhares, elogiada, a memória da renda terá saudades da artesã que pacientemente se desgastou para que fosse apresentada ao mundo... Em breve, o inverno, por isso guardo estas leves peças para uso no ano que vem... Eu própria, no outono da Vida, devo guardar relembrares das primeiras vezes em que minhas mãos pequenas, leves e lisas desdobraram cada uma e houve um momento em que a mancha olorosa da fruta, do fruto, marcou para sempre o fresco lençol de linho... Agora, minhas mãos outonais trazem pequenos sinais da idade mas ainda tremem, num "frisson" de alegria pela descoberta do prazer...



Esses dois textos, foram publicados, em forma de versos, em antologia (Antologia de Outono), organizada por Arnaldo Ziraldo.Por algum mistério, chegaram ao jornal Ecos formatizados em prosa.Gosto de prosa poética, então, mantive ...Clevane


Imagem:sobre foto de Alex (estou no no evento "Poesia Abraça a Música,organizado por Dayanne Timóteo, Poetisa e promotora de Culturano teatro Chico Nunes, em belo Horizonte, MG) a arte de Fernando Barbosa, do "Espaço Cultural Casa do Fernando", autor/ator teatral e fotógrafo.





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