terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Luiz Lyrio comenta Mulheres de Sal, Água e Afins.



AS MULHERES DE CLEVANE



Como contista, Clevane Pessoa cria, encanta, excita e extasia, Ela nos proporciona uma ficção que nunca dantes navegamos e que é enriquecida por uma língua brasileira manejada de uma forma delicadamente dura que se mescla com uma feminilidade que parece ser privilégio exclusivo da autora.

Mulheres de sal, água e afins nos faz viajar do belo e sensual inspirado por uma nuca feminina (Ah, como nos excita uma nuca de mulher! Especialmente, quando ela se vira e seu rosto não nos decepciona...) ao trágico da violência contra a mulher, tão primitivamente comum e deprimente na sociedade contemporânea.

No seu livro, Clevane nos mostra a alma feminina sob vários ângulos, nos presenteando com uma sensação de extrema sensualidade contida até nos gomos de uma pokâ, essa fruta que, até há pouco tempo, eu só associava aos ataques cruéis em que espremia o sumo da sua casca nos olhos dos coleguinhas ou às guerras onde atirava as cascas em meus oponentes. Confesso que, em minhas brincadeiras de adolescente, nunca imaginei que uma pokâ... Bem, mas este é só um atributo com o qual a escritora encanta e seduz os leitores e leitoras de Mulheres de sal, água e afins. Romântica, possuidora da imaginação fértil que deve ter todo grande contista, Pessoa viaja maravilhosamente bem tanto na mais pura fantasia, quanto na realidade nua e crua dos contos que retratam realidades do nosso cotidiano.

Ler as mulheres de Clevane contracenando com seus coadjuvantes masculinos é mais que uma oportunidade de entender e respeitar com mais profundidade esse seres femininos considerados por muitos, (inclusive por este que vos fala) ininteligíveis (certamente, por serem muito mais inteligentes que nós, homens). Ler este livro é um privilégio, já que ele decodifica o mapa do caminho que leva ao paraíso, lugar ao qual os homens só chegam, quando decifram, alcançam e conseguem caminhar ao lado de uma dessa maravilhosas mulheres de sal, água e afins que habitam o planeta Terra e suas superiores imediações.



Luiz Lyrio – Belo Horizonte, 26 de maio de 2007.

Nenhum comentário: