quarta-feira, 26 de março de 2008

Ângela Togeiro Pede Passagem,.



Ângela Togeiro nos envia este poema e penso que ambas temos alguns pontos de toque em comum.Não poucas vezes, estivemos classificadas (bem) nos mesmos concursos.
Certa feita, fui classificada com Menção Honrosa e o poema, sobre a felicidade, demosntrava essa inquietação que ela mostra ao reletar sua busca pela poesia.E meu sarau, no ano passado, na lagoa do nado, chamou-se "A Poesia pede passagem".Se pensarmos que apenas agora, acabamos no mesmo espaço (o "Poesia pela Paz", Casa de Cultura onde nos reunimos ,para organizar o evento PAZ e POESIA de domingo próximo),que nos encontramos pouquíssimas vezes,que ela é mineira, eu nordestina aqui radicada,vamos nos espantar das semelhanças.

No dia 05 de abril, irei entrevistá-la, com Marco Llobus filmando e fotografando ,para nosso projeto POIETISAS (aprovado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura)...E talvez descubra mais similaridades...Não foi á toa que ela nos convidou a provar do seu tempero...


Ângela pertence ao Proyecto Sur (leia-se Ademir Bacca, de Bento Gonçalves,RS), à UBT/BH é Membro Honorário da Academia de Letras e Ciências de São Lourenço/MG, Membro da Associação Profissional dos Poetas do Estado do Rio de Janeiro, e a outras entidades, que aos poucos irei mostrando.É autora de vários livros e muito inspirada.
Gosto dela.Assim,,simples ,complexa e fraternalmente.

Clevane Pessoa





A POESIA PEDE PASSAGEM


Angela Togeiro desde Belo Horizonte/MG-Brasil


http://angelatogeiro.googlepages.com/home


Ansiosa, durante dias, andei pelas livrarias,

das maiores às menores, procurando algo especial:

um destaque para o Dia da Poesia.

Ah, como queria ver livros de Poesia

expostos cuidadosamente nas vitrines...

Nomes de poetas famosos e desconhecidos...

Títulos em letras garrafais ou tímidas,

ou simplesmente a palavra POESIA...

Mas não encontrei nada. Nada!

Entrei em algumas: profusão de livros...

vários naipes do saber.

Literatura de ficção, muita, e Poesia, também, mas pouca.

Já me disseram: há poetas em excesso e romancistas, não.

Mas os livros em destaque são de romance!

E a Poesia? Onde é o lugar da Poesia?

É nas prateleiras? É em poucos volumes? De raros poetas?

Se são tantos os poetas, por que não há livros nas vitrines?

Será que não investem em Poesia? Onde estão os poetas?

Onde se mostram os poetas? Onde está a Poesia? Onde?

Será a importância da Poesia menor que a do romance?

Não acredito! A Poesia tem um valor imensurável,

que talvez nem saiba explicar o que é POESIA,

porque ela não é só o escrever em verso rimado,

ou em verso metrificado ou verso livre;

não é só uma trova, ou um soneto,

um cordel, um haicai ou um poema com enredo

exaltando o Belo ou execrando o Feio.

Poesia é o argumento que mostra ao homem

a sua própria alma, notadamente hoje,

pois vivemos num mundo em que a tecnologia,

o conhecimento humano e os valores econômicos

cada vez mais acelerados e desenfreados

afogam nossos valores, distorcendo-os,

obrigando-nos a adotar atitudes e comportamentos

que contrariam nossa própria condição humana

e nos tornam caçadores de um destino

que sequer sabemos o que é ou para que é.

A Poesia acorda nossos valores adormecidos:

é o instante de reflexão de nossa alma

em que ela se enche de paz ao encontrar o Verso Íntimo

– a nossa própria essência de ser.

Poesia é o sentir e o sonhar, é o buscar e realizar sonhos.

É abrir os olhos e ver o dia brilhando para nos receber.

É a oração que rezamos, pedindo ou agradecendo.

É o choro do bebê querendo algo e seu sorriso nos agradecendo.

É uma lágrima caindo, de alegria ou de tristeza.

É um flerte com alguém desconhecido.

É contar as estrelas de amor nos olhos do ser amado.

O toque suave da nossa mãe, a franqueza do nosso pai.

É olhar a montanha e sonhar

com o mundo bem além que ela nos esconde.

É tropeçar nas coisas do Universo

e sentir a Criação – fauna e flora se integrando.

Sentir que a vida é uma Poesia

que a gente escreve desde o nascer

até o nosso morrer nesta dimensão,

com nosso jeito único de ser, de sentir e se integrar.

De querer ser feliz mesmo na saudade.

Poesia é o existir e o sobreviver no dia-a-dia:

na lida, no nosso gesto no trabalho,

no bater da roupa, no escolher de um legume,

no fechar um bom negócio, no vibrar de uma conquista.

Até o prazer que o dinheiro pode nos proporcionar

e aos que estão a nossa volta é Poesia.

Poesia é o pulsar da vida,

de como queremos fazê-la VIDA.

E estes meus modestos e parcos versos

São-me uma dádiva do Poeta Maior, Deus,

para homenagear a minha fiel companheira: a POESIA.

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