terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

"The Little Hunter", de Analua Zoé, inspira poetas.


Sou convidada a aprticipar de uma bela ciranda, onde a inspiração deve partir de uma tela , da Analua Zoé...

Interessante verificar o quanto mil poeta haja, mil modos de dizer as coisas...Por isso, menosprezo os covardes plagiadores:a criatividade é ilimitada e renovável, peculiar e bela.

Essa ciranda, está originalmente, em "ECOS DA POESIA"(coordenado por Victor Jerônimo e Mercedes Pordeus, a quem a artista cedeu a imagem, para esse fim.Eis os produtos poéticos e seus autores:


MENINO DE RUA

É preciso lutar,
É preciso ter garra,
É preciso viver!

E o pequeno herói
leva pra casa o produto
de seus esforços

Há irmãos, irmãs
e m~e doente
esperando por ele...

É preciso lutar
todos os dias,
semana à semana.
É preciso ter garra,
não temer o escuro da noite,
nem o sol do meio-dia.

A vida é presente de Deus,
o viver é sabedoria do homem.
É preciso viver !

Maria Luísa Amorim.




CRIANÇAS: UMA REALIDADE
De: Reinadi Rodrigues Sampaio (eu flor-caminho só).
Para a Tela: THE LITTLE HUNTER / ANALUA ZOÉ


Falar de crianças sorrindo?!!
Felizes?!! Amadas?!! Estruturadas?!!
Onde ficam nossas consciências?
Ao tentar camuflar a dor,
A vergonha, a lama, que envolvem estes seres
De sorrisos estampados nos lábios,
Num olhar triste, vago,
Quando se deparam com vitrines
De seus sonhos enfeitados?
De carrinhos manipulados
Na credibilidade dos seus desejos e anseios,
Que percorrem livres nos pensamentos
Caminhos sem obstáculos: o mundo das fantasias.
De bonecas ricas, bem vestidas,
De cabelos loiros, fartos.
De dentes perfeitos; sem caries.
De aviões que os levam de um ponto a outro
Dos seus universos imaginários,
Num vôo das ilusões... Das perfeições
Vôos que se tornam frustrante,
Pois ao aterrissarem, a realidade é outra:
Um mundo em desequilíbrio
De máquinas perfeitas, manipuladas por homens,
Que elas não escolheram e que as fazem, crianças excluídas.
No entanto, no contexto da dor,
Da fome, do frio,
Dos maltratos, da miséria,
As matem inseridas.
É muito fácil fechar os olhos da alma
E falar de crianças sorrindo,
Em casas com mesas fartas,
Acolhidas em camas limpas
Cercadas de amor dos pais
Irmão, “Tios” e “Padrinhos”,
Sem pensar nas nossas crianças,
Nas favelas das grandes cidades,
Envolvidas no trafico e trafego,
Das drogas nos viadutos, nas ruas,
Nos becos imundos dos baixos meretrícios
Onde não só as mães se “vendem”
Em troca de um pedaço de pão.
São mães “compradas” nas eleições,
Por um “vale gás”,
“Vale escola”,
“Vale medicação”,
“Vale cesta básica”,
“Vale transporte”,
Vale corrupção.
Vale submissão.
Vale escravidão...
Ó Crianças!!!
Crianças do mundo inteiro!!!
Crianças do meu País!!!
Busquem as vossas liberdades,
Naquilo que lhes é inato ou adquirido (se conseguirem):
Vossas sabedorias,
Vossos maiores legados,
Pois não existirá corrupção capaz
De submeter vossas consciências,
Ao submundo das ilusões...

Cruz das Almas, 23/11/2007.




POBRE MENINA !
Socorro Lima Dantas

Diante de do palco da vida
levantei as cortinas,
viajei pelo túnel do tempo,
desnudei a alma !
Revivi a minha menina-criança,
senti o sabor do tão marcado passado
da pureza,
da inocência,
das incertezas e interrogações.
eis a minha vida !?
O que fazia a minha criança naquele tempo ?
Por que eu me sentia tão desarrimada,
indecisa, melancólica e tão só,
no meio de uma estrada...
Diante da vida que estava a prosseguir ?
Ah, esta era a minha criança valente !
Seguia diante do desconhecido,
descobrindo rios e uma floresta quase encantada,
onde só distinguia o céu azul, e a vontade de avançar...
Pés descalços, roupa amassada, olhar cabisbaixo,
fui caminhando em meu sonho infantil...
Acordei, com a respiração ofegante,
tudo não passou de um sonho de criança,
que carregava as incertezas e o medo do amanhã,
diante do palco da vida que estava a surgir !

Pobre menina !

Recife/PE
22/11/2007




MENINO PINTADO A ÓLEO
Luiz Poeta
Luiz Gilberto de Barros
Às 23 h e 1 min do dia 23 de novembro de 2007 do Rio de Janeiro,
especialmente para " As letras da Pintura "do Grupo Ecos da Poesia "



Não sigas os teus olhos, menininho...
Com eles só enxergas solidão,
Miséria, fome e medo no caminho
Que pisas, distraindo o coração.

Cresceste, menininho... em tristezas,
Em mágoas, sofrimentos, amargura,
Teu mundo é repleto de incertezas,
Mas teu olhar é feito de ternura.

Tantos meninos dormem numa tela
Pintada em tinta a óleo ou aquarela,
Mas suas formas ganham movimento,

Quando, dentro da tinta colorida
Os olhos de um menino ganham vida
Quando há em quem os olha... sentimento.





DIAMANTE SOLITÁRIO

Na poeira da estrada se vai o poema,
na poeira da estrada vai o menino,
diamante solitário,
moribundo esquecido do mundo.

Discorre o poeta mergulhado em tristeza,
duas aves em suas mãos,
serão levadas a sua mesa,
mas não há mesa, nem cenário,
não há comentário,
somente um céu que não é azul
e o diamante solitário
como que absorto em sua própria tristeza,
sem as malícias cotidianas, nem as manobras mundanas,
ecoa seu pranto calado, por entre as brumas
da solidão.

Diamante solitário,
sem pecado, nem perdão, a pátria o renegou,
aos caminhos da solidão,
e seu olhar de tristeza, ainda espera
e esperança, na escola, na cidade, nas vitrines
onde brilham os diamantes e outras variantes.

Paulo Cézar Santos Melo – poeta.

Brasileiro, Baiano de Cipó-Bahia, autor dos Livros de Poesia: UM POUCO DE TUDO(1998), IMPRESSÕES DIGITAIS (A Publicar), ESTALOS NO SILÊNCIO (A Publicar)

(dedicado a " The Little Hunter" de Analua Zoé, no cenário As Letras da Pintura Nº 2 do Grupo Ecos da Poesia)




Inocente Caçador


O que indagas, meu menino, com este ar de compaixão?
És ingênuo, nada sabes, eu te contarei, embora, em vão.
És órfão de mãe viva...cujo nome é Vergonha, irmã da Decepção
Ela te largou ao abandono, assim, sem nenhuma explicação..
Foi-se ao encontro do teu pai, chamado Desamor, irmão da Incompreensão

Desta família, descendes, portanto, sem solução.
Enderêço, não tens...estás em todos lugares...
Como a Omnipresença Divina, pedindo por atenção
Se possível fosse, Ele te levaria, para a eterna mansão...
Mas deve ter um propósito, pois sabe de tua consternação.
Refletes, aos olhos do mundo, o resultado da ganância, do egoísmo,
tua imagem nos induz à profunda reflexão

Tenho a dizer, que possues um sem número de irmãos
Nascidos dos mesmos pais, com a mesma tradição
Crianças que em nosso mundo
Sofrem, como você, o crime de ter nascido
Pena tão dura... e sem redução
Meu amado menino,
Deixe que eu te diga
Por pior que seja, prossiga ...
Breve encontrarás o caminho que o levará ao paraíso
E lá encontrarás o carinho, o amor e a alegria, a te esperar com um sorriso
Dizendo ...seja bem- vindo, ....filho do Desamor !

Maria Luiza Bonini
São Paulo - SP - Brasil




Poema

caem
as palavras precisas do poema
perante a tela
e muda, muda, muda
é a cor do sonho.
perco as palavras
na tristeza inscrita
no anel dos olhos
que teu silêncio grita.
meu menino
de gesto puro
de fresca desventura
que mata caça
caça mata no bosque dos medos
onde o céu caíu
sem advinhar o teu nome.
meu menino
mata caça
caça mata na sílava visível da fome.

Ísis ( Teresa Gonçalves)






DOCE VIVER
Neida Wobeto


Busco a pureza perdida
na estrada do viver.
Quero a beleza da alma pura
e só percebo a solidão do Ser Humano.
Nossos sonhos
perderam-se na curva do sonhar.
Perdi a inocência
e procuro-a no meu semelhante
e só encontro a necessidade
do devir humano
que quer apenas voltar ao SER.





PEQUENO CORAÇÃO CAÇADOR



Na face miúda e sofrida
um olhar de esperança,
trilhando as estradas da vida
caminha um coração de criança.

Tão frágil e inocente,
de pés descalços sobre o chão,
segue em busca de um futuro decente
e procura a paz para sua Nação.

Pequenino e mal tratado,
vai caminhando o pequeno caçador,
com o seu corpinho despojado
exposto à fome e à dor.

No peito, as marcas da dor
machucam seu pequenino coração,
que sente fome de amor
e luta por um pedaço de pão!

Socorrinha Castro ( Florzinha )
JP - PB - Brasil




O PEQUENO CAÇADOR
Efigênia Coutinho

A vida não é completamente boa, nem
completamente má! Há um moleque que
todos os dias vai caçar para sua fome matar!
Ah! Deus proclama para anjos entoarem!

Seus olhos em pranto na mão gelada
carrega seu trunfo, querendo dar adeus
ao mundo da dor que lhe prende a vida!
Numa tímida oração, suplica por Deus!

Ó Deus Cristão, triste e cruel verdade,
acolhei está imagem de piedade...
Aquele olhar tremendo, fitando o Futurecer!

Não perscruteis o caçador se o seu dever
a mando foi cumprido. Na tela pintada por
Analua Zoé tentei compor, também eu,o meu dever.

Novembro 2007

Poema para o evento
" As Letras da Pintura", N-2





MENINO CAÇADOR
Paulo Gondim
25/11/2007

Corre o tempo, corre o vento
Corre a nuvem, corre o mar
Corre o menino no mato
Corre o menino a caçar

A vida parece ingrata
Corre o menino da fome
Corre o menino na mata
No medo que lhe consome

Na duvidosa corrida
Tanto corre, como indaga
Por que tanta diferença
Tanta guerra, tanta praga?

E o tempo do menino
Já não passa devagar
Tão cedo se atira ao mundo
Pois é preciso caçar

E o menino caçador
Só tem tempo pra caçar
Não tem sonho, não tem vida
Nem sequer pode brincar...





Humanizar...


Oh! Olhares que vida da Natureza cega
Com ciscos da incompreensão enegrecida
Despida pelo sol que a inverdade agrega
Crueldade nas retinas da alma infanticida.

Algozes dos viveres que a pena segrega
Fileiras esquálidas da miséria combalida
Do ser dito famulento que a dor prega
As modorras inglórias. Bradarei a vida!

Que a aurora faculta mortificar noite dia
Cegos que se escondem enganando porvir
Das luzes agregadas nas hastes da Poesia.

Haveres computando versos tende argüir
Aos esconsos que hibernam na desarmonia
Refloresça amor!Senso de a aura ressurgir.

Deth Haak
“A Poetisa dos Ventos”

Deth Haak
Cônsul Poeta Del Mundo – RN
SPVA-RN
AVSPE
UNEGRO





Menino Bonito


Menino Bonito que está ferido
Rosto doído de sonho perdido
Teu ar de sombra não vê o sol
Anda só, de mãos sem paiol.

O rosto cansado, velho, surrado,
Marcado de dor e de atroz descaso
Vazio vaso, pé descalço, de aço,
Pisa o cansaço, lambe o mormaço.

Da tarde vermelha de chão,
Sem abraço, sem nexo só leva inchaço.
descompasso de pão, feijão e nação;
Não tem surrão, tem muita precisão.

Ah! Menino Bonito, em formação.
Perdoa o pelotão de ouro frio.
De vazio coração, olhar tão oco.
Pouco lhe estende a mão no aniversário.

Menino dessa estrada poeirenta
Violenta; sua vestimenta é dor.
Clamor, de tristeza o suor degusta.
E o nada, o sal, pede apenas amor.

Menino, belo Menino Bonito.
Faço desse escrito, alerta, o meu grito.
E te felicito a coragem e a vida
dormida na esperança de mudança.

Marlene Vieira Aragão

www.marlenevieiraaragao.prosaeverso.net

mvieiraa@ig.com.br

mvieiraa@marlenevieiraaragao.prosaeverso.com.br






DESALENTO ...
Nídia Vargas Potsch

“Tô cansadu!”
“Mas tem que andá mais légua e meia”.
“Meus pé tão dueno, tô cum fome!”

Assim vai o pequeno menino caçador,
cansado da lida, da mesmice,
com desânimo nos olhos,
que suplica por piedade, socorro,
mas ninguém acode ...
O que sabe ou entende ele da vida?
Segue o rumo traçado carregando a poeira
de mil anos, pés doloridos, feridos, desalentado ...
Uma criança que amadureceu sem crescer,
com bolhas nas mãos, calo nos pés,
bolhas, calos e poeira vermelha na alma infantil ...
Sacrifícios lhe são impostos
e ele os cumpre sem indagar o porquê.
Sabe apenas que têm que fazê-lo,
pelos outros da família e por ele próprio ...
Um pequeno caçador valente, guerreiro!
E se lhe perguntam o nome, logo diz:

“Quem? Sei não sinhô” ...
“Meu nome? Menino!”
“Me chamam de Menino!”
“To levanu pro mode da gente cumê” ...

Rio, 25/11/2007

www.ebooks.avbl.com.br/biblioteca2/nidiavargaspotsch.htm





A Estrada da Miséria
(Janieth Costa Monteiro)


No fundo o azul
Misturado ao verde da mata
Ao vermelho da Terra
Cheia de Pó
E, também, de dó

Por Deus,
Tenho certeza,
Que essa pintura
Quizera ser de outra forma
Sem o pó
E sem o escuro da dó.

O amargo
Num rosto de menino
De corpo criança
Coração de um anjo
Que tem a esperança
De saciar quem tem fome.

Se nessa mistura do artista
Tivesse mais cores e brilhos
Pra iluminar essa estrada
Pra esse menino
Que ta coberto de pó
E, também, de dó.

Pra esse menino
Cheio de força
Que pensa na mãe
A espera do alimento
Arrastado pelas mãos
Pra colocar na boca
De seus outros irmãos


Mesmo que esse menino,
Cheio de força
Encontrada na fome
E na miséria,
Não importe com a estraa
Que é coberta de pó
E, também, de dó.

Mas esse menino acredita
Que, um dia,
Essa mesma estrada vai virar
E levá-lo,
Junto com sua família,
Pra um outro lugar
Onde não exista
Esse pó
E nem essa dó.




O PEQUENO CAÇADOR
Adelina Velho da Palma


És tão pequenino
Criança é assim
Mas ficas estranho
Nesse teu tamanho
Caçador mirim!...

És tão pequenino
rude querubim
Mesmo emancipado
Sujo e esfarrapado
Olhas para mim…

És tão pequenino
Mas já sabes tudo
O que é importante
E com desplante
Vejo e não te acudo...

És tão pequenino
Mas caças sem medo
Fazendo-te à vida
E eu foragida
Passo e não sucedo…

És tão pequenino
Mas manténs-te firme
Pronto a atacar
E sem me tocar
Consegues ferir-me…

És tão pequenino
De saber medonho
Vences o perigo
Mas teu inimigo
É teu próprio sonho….

És tão pequenino
Mas és bem maior
Que o mundo onde existes
E em teus olhos tristes
Lê-se um vencedor




SEXTILHAS DA SOBREVIVÊNCIA


No seco caminho de terra
Só o triste e maltrapilho menino é molhado
Pois a fome e a desolação entraram na cratera
E o futuro do crescimento permanece ilhado
Na esperança da caça na primavera
Ou na proteção quente de um forte telhado

Pega menino, teu alimento
Que caiu do céu como chuva passageira
Quem sabe, crescendo, teu pagamento
Será encontrar comida na lixeira
Ou talvez, com sorte e maior fundamento
Possa sair desta triste ribanceira
Que tu insistes em sobreviver.

Alma Collins




O presente


Crianças que cedo precisam
contribuir, prover o lar,às vezes sem teto, pelas estadas,
ás vezes quase nuas, coitadas,
expostas a calor e chuva,
brincam talvez de adultos...
Mas ser grande requer tanta luta,
e as armas das crianças são apenas
fantasias de ser, estar,conseguir...

Certo dia, vi um sorrido maroto, orgulhoso e cansado também
de um menininho, ao entregar à mãe
duas galináceas
surrupiadas de algum quintal:
-"Olha mãe, para a canja do seu resguardo".
A mãe, barriga em plenilúneo, sob esfarrapado avental,
de cócoras no canto do casebre,
desndou a chorar...

Clevane Pessoa de Araújo lopes
Novembro de 2007






CRIANÇA SEM MUNDO
© Ferdinando

Dias de angústia urzes na escuridão,
palco onde as crianças
desnudadas caminham pelas ruas
sem casa, sem pais, e sem amor.
Paredes tingidas de rubro!...
Sangue inocente que corre na berma.

Filhos do nada e de ninguém
na incoerente prole incendiada...
como o ritmo do mar entre os rochedos
falando ás gaivotas do sol que não nasce...

E as estrelas que correm no asfalto frio
nas manhãs incompletas de sonhos,
terão amanhã a fogueira aliciante da verdade
nas primícias gritantes, de um sol ridente

Germany 26-11-07






NOBRE CRIANÇA POBRE


Acredita mais na vida
carregando sonhos na mão
nesta quase sobrevida
seu sonho é o seu pão

Sonhos de criança
estes não conhece
nasce sem esperança
e sem sonhar cresce

Vive de migalhas
e ainda consegue sorrir
desconhece as muralhas
que lhe nega um melhor existir

Sua felicidade tem o seu tamanho
e porque não sonha, nada cobra
sua vitória é garantir o pão ganho
se dá por feliz com o que lhe sobra

Pobre criança pobre
maltrapilho de pés descalço
ainda que nada mais lhe sobre
tem a força para viver num mundo falso

Célia Jardim




A solidão anda me escravizando
me assustando
muitas vezes me deixando a beira do abismo
do silencio ensurdecedor
que me arrasta como molambo
pelo vale de lágrimas cristalizadas.
Onde estás, mãe?
Que te abraço e não te alcanço?


Regina Mello nov.2007




FILHO DA TERRA BRUTA
Sueli do Espírito Santo


Caminha com os pés descalços
a sua caça pesando nos braços
todos os dias nessa mesma luta
para garantir a sua subsistência
já nem sabe o que é inocência
pois que é o filho da terra bruta

Sem um sorriso, sem brincadeira
precisa viver de qualquer maneira
sem sorte... trilha a rota do perigo
sozinho... sem um anjo protetor
nem sonha um futuro promissor
em um mundo que não há abrigo.

http://www.sue2001.recantodasletras.com.br







Valente caçador!!
rebeca pilenghy pereira

Vê-se na tela dura realidade
Tão bela exposta com suas cores
Nos faz sentir a triste realidade
De nosso Brasil e seus horrores...

Segue a estrada um nobre pequenino
Que desde cedo já está na luta
Tão responsável valente menino
Tem passos curtos de tanta labuta!

Os pés descalços machucados vão
Em caminho íngreme na terra vermelha
Dar alimento aos que em casa estão
Carregando os patos em mãos parelhas!

O caçador enfrenta o sol ardido
Pele morena e cabelo ao vento
Coração forte e destemido
E no olhar um triste lamento...

Que pensa ele desse seu viver?
Com outras bocas a alimentar!
Ou esse tempo que o faz sofrer,
A fonte de sonhos se fez calar?

Quantos meninos como este hão,
A percorrer destemida jornada...
Há injustiças em nossa nação
E os governantes não fazem nada!

O coração não segura a dor
Quando a imagem o grito transcende
Quem neste mundo fará com tanto amor
Este menino sorrir de contente?

Não só nos lábios mas no coração
Tão destemido, valente e maltratado,
Dar a família a sustentação,
E ter a mesa o alimento sagrado...

O dia-a-dia envolto de breus
Que lhe garantam tranqüila morada
Amar a vida e em pensamentos seus
A fonte dos sonhos ser renovada!!!




Pequenino Hunter!
isabel Sprenger Ribas.


O que se faz, menino,
para que a curvatura de seus lábios
tenha um formato de sorriso?
O que se faz para que o ermo em que habita,
nesta distância, nesta desdita,
retire do céu um pouco de cor
e compense o seu olhar?
Envelhecido olhar, com o amor
que os Homens de uma sociedade
não lhe podem dar...
O que se faz, quase criança,
para que as aves que leva na mão
tornem-se vivas... E com elas possa brincar,
correr... E possa viver,
pequenino Hunter?
Sem ter jamais que sofrer pela mãe inválida,
pelo irmão moribundo, pelo pai alcoolizado?
Por tudo que toca tão fundo as suas andanças
e faz destes seus passos, neste pesinho cansado,
a própria incerteza de um caminhar?
Que se faz?

Dedicado à pintura de "The Little Hunter" de Analua Zoé.



A Estrada da Fome.
(Sávio Assad)


Estrada longa que marca meus pés
Eu andarilho sem destino e família
Sofro com a fome roendo meu estomago
E a consumir minhas carnes.

Carrego no meu pensamento triste,
Minha experiência de vida amarga
Como fel a destruir minha infância,
Já tão perdida, como esta estrada.

Recolho migalhas ao longo, para matar
Minha fome e já caminho sem forças.
Nas mãos calejadas pelo curso
Ainda consigo a caça e a sobrevivência.

Estrada que não tem fim.
Encontre um desvio e me desvia o pensamento
Amargurado do novo amanhecer, veste meus pés
De relva e borda um sorriso em meus lábios divino.

Niterói - RJ - 26/11/2007